Clara tomada de posição do Representante Permanente da Santa Sé na ONU, em Nova Iorque,
sobre o conflito israelo- palestiniano e a actual situação em Gaza
(17/1/2009) A Santa Sé “exprime a sua solidariedade aos civis de Gaza e de algumas
cidades israelitas, que suportam o peso de um cruel conflito” – assegurou nesta sexta-feira,
em Nova Iorque o representante permanente junto da ONU, intervindo na Assembleia Geral
das Nações Unidas, convocada em sessão especial de emergência para debater a questão
dos territórios palestinianos ilegalmente ocupados por Israel (incluindo Jerusalém
Leste). O arcebispo D. Celestino Migliore aproveitou a ocasião para fazer votos
de “que o Secretário Geral consiga levar a bom termo a sua missão” de paz naqueles
territórios, coroando os “esforços diplomáticos em curso e garantindo que a urgente
ajuda humanitária possa efectivamente chegar às pessoas” que dela carecem. “A
Santa Sé – declarou – pede que seja integralmente aplicada a Resolução 1860 do Conselho
de Segurança, de 8 de Janeiro, que reclama um imediato e permanente cessar-fogo, assim
como uma assistência humanitária sem entraves”. “Nos últimos dias – recorda Mons.
Migliore – fomos testemunhas de que ambas as partes ignoraram, na prática, a distinção
entre civis e militares”. “No contexto daquela Resolução, chamamos ambas as partes
a conformar-se plenamente às exigências da lei humanitária internacional, que visa
assegurar a protecção dos civis”.
“A conturbada história de sessenta anos
de coexistência entre israelitas e palestinianos – recordou o representante da Santa
Sé têm sido teatro de um longo suceder-se de conflitos, mas também de diálogo, nomeadamente
os encontros de Madrid, os Acordos de Oslo, o Memorando de Wye, o processo de paz
do Quarteto, a “road map” e a Conferência de Annapolis, com a solução dos dois Estados.
Infelizmente, porém, até agora não chegaram a ser bem sucedidos os muitos esforços
para estabelecer a paz entre os povos israelita e palestiniano”.
A Delegação
da Santa Sé na ONU observa que “a falência de tantos esforços se deve a uma vontade
política não suficientemente corajosa e coerente em ordem ao estabelecimento da paz,
de ambas as partes, e nos últimos tempos à recusa de se encontrarem e de forjarem
uma paz justa e duradoura”. “As Nações Unidas têm a grave tarefa de levar as
partes ao respeito do cessar-fogo, abrir o caminho a negociações e a um entendimento
entre elas e assegurar a assistência humanitária”. “Esta Assembleia Geral – concluiu
o arcebispo Celestino Migliore – pode ajudar as partes em conflito a descobrirem novos
esquemas para o estabelecimento da paz, esquemas baseados na aceitação e compreensão
recíprocas, no respeito da diversidade”.