PAPA NA AUDIÊNCIA GERAL: COM CRISTO, OS MEDOS SE DESFAZEM E SE APRENDE A RESPEITAR
A CRIAÇÃO
Cidade do Vaticano, 14 jan (RV) - Na audiência geral das quartas-feira, o Santo
Padre retomou a sua catequese paulina. De fato, de há muito o pontífice tem dedicado
a sua catequese à vida e aos escritos do Apóstolo dos Gentios.
A audiência
geral desta manhã, realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano, foi dedicada às Cartas
escritas por São Paulo aos Colossenses e aos Efésios, concluindo-a com uma saudação
aos participantes do VI Encontro Mundial das Famílias, que se inicia hoje em Cidade
do México.
Em sua catequese, o papa ressaltou que Cristo é superior a qualquer
forma de poder que possa "humilhar o homem" e, portanto, fazer parte de seu Corpo,
isto é, a Igreja, significa ser protegido de toda adversidade.
O Santo Padre
observou que mais de um terço das palavras escritas por Paulo à comunidade dos Colossenses
se encontra de modo praticamente idêntico na carta enviada aos cristãos de Éfeso.
Daí, o motivo pelo qual são também chamadas de "Cartas gêmeas".
Bento XVI observou
que, sobretudo, essas duas cartas dão substância a alguns conceitos basilares do bimilenário
magistério da Igreja: Cristo "chefe" da Igreja – no sentido de guia, mas também no
sentido de força vivificadora –, como também Cristo Senhor do cosmo, e a Igreja esposa
de Cristo. Desenvolvendo esses pontos nodais do ensinamento paulino, Bento XVI afirmou:
"As
duas Cartas nos trazem uma mensagem altamente positiva e fecunda. Cristo não tem porque
temer nenhum eventual concorrente, porque é superior a toda e qualquer forma de poder
que tenha a presunção de humilhar o homem. Somente Ele 'nos amou e deu a si mesmo
por nós'. Por isso, se estamos unidos a Cristo, não devemos temer nenhum inimigo e
nenhuma adversidade; mas isso significa, portanto, que devemos nos manter firmemente
ligados a Ele (...) Parece-me que isso seja importante também para nós, que devemos
aprender a afrontar todos os medos, porque Ele está acima de toda dominação, é o verdadeiro
Senhor do mundo."
Enquanto "pegada de Deus", Cristo é o Senhor também do
cosmo, disse o papa, recordando a iconografia bizantina que muitas vezes o apresenta
como Pantokrátor (todo poderoso), "sentado no alto sobre o mundo inteiro". Uma visão
que, por dois motivos, "é concebível somente pela Igreja" – observou:
"Seja
na medida em que a Igreja reconhece que, de certo modo, Cristo é maior do que ela,
vez que a sua senhoria se estende também para além de seus confins, seja na medida
em que somente a Igreja é qualificada como Corpo de Cristo, não o cosmo. Tudo isso
significa que nós devemos considerar positivamente as realidades terrenas, porque
Cristo as recapitula em si; e, ao mesmo tempo, devemos viver plenamente a nossa específica
identidade eclesial, que é a mais homogênea à própria identidade de Cristo."
A
senhoria de Cristo sobre a Igreja – sua "real esposa" – e sobre o cosmo é, em última
análise – prosseguiu o papa – o sinal "do imperscrutável desígnio divino sobre as
sortes do homem, dos povos e do mundo. Numa simples palavra – que São Paulo usa reiteradas
vezes -, um "mistério", sobre o qual o papa convidou os presentes a abrirem os olhos
do coração mais do que os da mente.
O Santo Padre dirigiu, por fim, uma saudação
especial aos participantes do VI Encontro Mundial das Famílias, que hoje se abre em
Cidade do México:
"Possa esse importante evento eclesial manifestar mais
uma vez a beleza e o valor da família, suscitando em todos novas energias em favor
dessa insubstituível célula fundamental da sociedade e da Igreja."
Concluída
a catequese, o papa saudou, em várias línguas, os diversos grupos de fiéis, peregrinos
e turistas presentes. Eis a sua saudação aos de língua portuguesa:
"Aos
peregrinos portugueses vindos de Lisboa e aos brasileiros, professores, alunos e familiares
do Colégio de São Bento do Rio de Janeiro, por ocasião das festas jubilares deste
estabelecimento de ensino, como penhor de abundantes dons divinos que sirvam de estímulo
para a sua vida cristã, concedo benevolamente minha Bênção Apostólica."
Bento XVI concluiu
a audiência geral concedendo a todos a sua Bênção apostólica.