Caracas, 14 jan (RV) - A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) rejeitou ontem
o projeto de lei para estabelecer a reeleição ilimitada de todos os cargos de eleição
popular e alertou para as "carências" de que sofre o país.
A posição dos bispos
foi expressa no encerramento da Assembléia Ordinária, realizada em Caracas. A CEV
rejeita a emenda porque, na sua opinião, os venezuelanos já se pronunciaram a respeito
no referendo de dezembro de 2007, quando votaram contra uma reforma constitucional
promovida pelo presidente Hugo Chávez.
Além disso, para os bispos, a aprovação
desta emenda não resolverá nenhum dos problemas do país nem as carências do povo.
Entre essas carências, o documento cita os hospitais sem equipamentos, as escolas
de baixa qualidade, a falta de moradias dignas e a insegurança pessoal.
Aliás,
os bispos identificam a insegurança como o principal problema da Venezuela, pois demonstra
a perda crescente do valor da vida. "Venezuela é um dos países mais violentos do mundo.
Entre as causas, estão o tráfico e o consumo de drogas, os seqüestros e o aumento
vertiginoso de sicários" – afirma a nota da CEV.
Os prelados afirmam ainda
que o lucro proveniente do petróleo não se traduz em benefícios para o povo, "por
falta de controles institucionais, por falta de controles sociais e, sobretudo, por
falta de ética".
"A corrupção, presente em todos os níveis sociais, e o desvio
de dinheiro público não são vistos como um problema grave" – lamentam, por fim, os
bispos.