GAZA: DOM SABBAH RECORDA QUE GUERRA NÃO É MEIO PARA SE LUTAR CONTRA UMA IDEIA
Jerusalém, 13 jan (RV) - "Ainda esta vez, a violência não levará a nada. Os
mísseis continuarão a cair, e Israel não obterá a segurança que busca. Uma ideia não
pode ser combatida com a violência": foi o que disse o patriarca emérito de Jerusalém,
Dom Michel Sabbah, a propósito da guerra em andamento na Faixa de Gaza.
"O
que está acontecendo na Faixa de Gaza não é uma novidade – explicou o patriarca –
trata-se da repetição de algo já acontecido e com o mesmo objetivo, isto é, destruir
o Hamas e obter segurança. Por isso Israel invadiu Gaza, agora e em outras ocasiões,
sem conseguir nenhum resultado. Os mísseis voltaram a cair sobre Israel, mesmo depois
da retirada do exército israelense do território."
"Com o ataque a Gaza – advertiu
Dom Sabbah – reacendeu-se o ódio do mundo árabe e de parte do mundo ocidental contra
Israel. E quem conseguirá curar a dor desses corações? O caminho da violência, escolhido
pelos israelenses, os distancia de seu objetivo, que é a segurança. Dentro de poucas
semanas, tudo voltará a ser como era antes. É tempo – concluiu o arcebispo – que a
comunidade internacional leve mais a sério a crise no Oriente Médio. Basta de visitas,
palavras e declarações; é preciso tomar atitudes concretas. Tal situação acabará por
destruir israelenses e palestinos."
Por sua vez, o bispo auxiliar do Patriarcado
Latino de Jerusalém, Dom Giacinto-Boulos Marcuzzo, afirmou que "Gaza é apenas uma
parte de um problema muito mais amplo". "Acabar com a ocupação – defendeu o bispo
– é a prioridade fundamental, mas isso requer tempo. De imediato, como sugeriu o papa
e também nós, que vivemos na Terra Santa – lembrou Dom Marcuzzo – é preciso deter
a violência e os ataques e reiniciar o diálogo, diretamente ou através de um mediador."
Para
o prelado, as razões de tanta violência são três: "A divisão do povo palestino e a
intransigência do Hamas; a necessidade de segurança de Israel; e a mais importante,
a ocupação israelense da Faixa de Gaza. Todavia, na base de tudo isso, como observou
Bento XVI, está o ódio, a desconfiança recíproca e um espírito e uma cultura de violência."
(AF)