BISPOS INDIANOS ANALISAM INDICAÇÕES DO SÍNODO. GOVERNO FECHA CAMPOS DE REFUGIADOS
CRISTÃOS
Nova Deli, 13 jan (RV) - Aprofundar e atualizar na Índia as indicações emersas
no Sínodo sobre a Palavra de Deus, realizado em outubro passado no Vaticano. Este
é o objetivo da Assembléia dos Bispos indianos de rito latino, que terá lugar na diocese
de Mysore, sudoeste do país, de 12 a 18 de fevereiro.
A Conferência Episcopal
indiana de rito latino abrange 128 dioceses. Na Assembléia, os 170 bispos membros
discutirão o tema “A Palavra de Deus, fonte de vida para o povo na Índia”, com a participação
também do núncio apostólico, dom Pedro Lopez Quintana, que presidirá a missa de abertura.
Será
dedicada uma oração particular a todos os cristãos da Índia que sofrem ou deram suas
vidas para testemunhar e viver a Palavra de Deus nos estados de Orissa, Karnataka,
Tamil Nadu e Gujarat, onde nos últimos meses, perseguições anticristãs deixaram centenas
de mortos.
Recentemente, os bispos voltaram a recordar a situação dos cristãos
no país, pedindo o respeito das garantias e dos direitos constitucionais. "A intenção
do episcopado – afirmam – é contribuir com o desenvolvimento humano, espiritual, civil,
econômico e social da nação".
Entretanto, o governo de Orissa está fechando
os acampamentos que abrigam os cristãos perseguidos, obrigando-os a retornarem às
suas casas e a viverem lado a lado com seus perseguidores.
A Asianews, agência
do Pontifício Instituto das Missões Exteriores, denuncia que “o calvário dos cristãos
de Orissa não tem fim, pois, apesar dos compromissos assumidos, o Estado indiano não
garante sua segurança e o clima existente é de ódio e repúdio”.
Em agosto,
50 mil cristãos escaparam da morte em Orissa e 20 mil deles se refugiaram em campos
preparados pelo governo para protegê-los da fúria fundamentalista. Agora, os campos
estão sendo fechados e as famílias expulsas recebem uma pequena quantia, equivalente
a 450 reais. Muitas estão com medo e tentam imigrar para outros distritos ou países
vizinhos. As grandes cidades ainda mantêm um discreto nível de segurança, mas nas
aldeias, nada é seguro para os cristãos.
Segundo a agência Asianews, "além
do dinheiro, os cristãos estão recebendo 50 kg de arroz e um rolo de plástico para
cobrir os tetos suas casas. Aqueles que retornam às suas aldeias vivem entre ruínas,
usam plantas e pedaços de madeira como muros. Os cristãos de Kandhamal são tratados
como animais” – escreve a agência. “Vivem no medo e não encontram mais abrigos. Não
podem viver com dignidade, pois o dinheiro que receberam não é suficiente para comprar
comida; seus campos foram incendiados, e suas casas, destruídas”.