IGREJA LEVA 20 MIL ÀS RUAS PELO FIM DA VIOLÊNCIA NA GUATEMALA
Cidade de Guatemala, 12 jan (RV) - Convidadas pelo Cardeal Rodolfo Quezada
Toruño, arcebispo de Guatemala, mais de 20 mil pessoas vestidas de branco marcharam
pelas ruas da capital, sábado, em repúdio aos atos de violência no país centro-americano.
A passeata partiu da Praça da Constituição, às 14h, mas desde as 11h, as igrejas
preparavam seus fiéis. Grupos de jovens animaram a caminhada com músicas e slogans
de paz, e levavam cartazes com os dizeres “Sem justiça social não há paz”. Às 16h,
os participantes se concentraram diante da Catedral Metropolitana, onde se realizou
a Missa, que teve a presença do presidente do país, Álvaro Colom, do vice-presidente,
ministros e expoentes da sociedade civil.
O cardeal pediu aos guatemaltecos
para não guardarem rancores e buscarem a paz dentro de si. “2008 – lembrou ele – foi
um dos anos mais violentos da história recente, com 6.292 pessoas assassinadas. Dom
Quezada Toruño convidou a refletir sobre os milhares de órfãos e viúvas causados por
esta onda de criminalidade.
“Condenamos a violência como anticristã, anti-evangélica,
anti-humana e anti-guatemalteca. Irmãos e irmãs, que o coração de pedra se transforme
em carne e se solidarize de modo prático com todas as pessoas que sofreram o flagelo
da violência” – destacou o cardeal primaz da Guatemala.
“25% dos habitantes
de Cidade de Guatemala sobrevivem na miséria, em condições sub-humanas” – denunciou,
pedindo ao presidente, Álvaro Colom, que faça todo o esforço possível para atender
às necessidades dos mais pobres. Fontes oficiais apontam que em 2008, os pobres guatemaltecos
aumentaram em um milhão de pessoas.
O cardeal Quezada Toruño foi presidente
da Comissão Nacional de Reconciliação, que na década de 80 criou as bases que permitiram
o acordo de paz entre Exército e guerrilha, em 1996. “Hoje – disse, explicando uma
contradição - caladas as armas da guerra civil, morre mais gente nas ruas pela delinqüência
comum”.
Uma pesquisa publicada sexta-feira indica que 78% da população se
sente insegura quando sai de suas casas e 90% teme ser seqüestrado.