DOM LEFÈBVRE ASSINOU OU NÃO OS DOCUMENTOS CONCILIARES?
Cidade do Vaticano, 10 jan (RV) - Dom Marcel Lefèbvre, o arcebispo francês
já falecido, que originou o cisma tradicionalista, assinou apenas alguns dos documentos
do Concílio Vaticano II, do qual havia participado, mas se negou a subscrever os dois
mais relevantes: a constituição pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no
mundo de hoje, e a declaração Dignitatis Humanae sobre a liberdade religiosa.
Foi
o que precisou Pe. Fausto Buzzi da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada pelo
próprio Dom Lefèbvre, desmentindo a notícia divulgada pela revista italiana "Panorama".
O semanário publica, de fato, em sua última edição, a foto de um documento do Concílio
Vaticano II sobre a liberdade religiosa, que tem a assinatura de Dom Lefèbvre.
"Soubemos
– explicou Pe. Buzzi ao site web Pontifex – que poderiam ser revogadas algumas
excomunhões. Com essa história publicada na "Panorama", de que Dom Lefèbvre teria
assinado – e, portanto, aceito – o documento sobre a liberdade religiosa, algumas
pessoas poderiam nos perguntar: "Se o fundador de vocês assinou os documentos do Vaticano
II, agora o que vocês pretendem?"
A revista "Panorama" publica uma declaração
do oficial dos Arquivos Secretos do Vaticano, Piero Doria, o qual afirma que a assinatura
de Dom Marcel Lefèbvre consta de todos os documentos do Concílio Vaticano II, a começar
da constituição pastoral Gaudium Ed Spes, que ele, depois, criticou tão duramente.
O
Arcebispo Marcel Lefèbvre (1905-1991) foi excomungado em 1988, depois de ter ordenado
quatro bispos, sem a permissão do papa.
Sua biografia afirma que, desde os
primeiros momentos, ele se opôs aos "ventos de renovação" do Vaticano II e, já nas
sessões preparatórias, às quais assistia como membro da Comissão Central, manifestara
suas críticas.
Dom Lefèbvre definiu como "destrutivas" as reformas aprovadas
pelo Concílio Vaticano II e, em 1968, fundou, na Suíça, a Fraternidade São Pio X,
seguida, um ano depois, do Seminário Internacional de Econe, também na Confederação
Helvécia.
Em 1976 foi suspenso "a divinis" (não podia celebrar missas, administrar
sacramentos, nem pregar), em virtude de suas ordenações irregulares. Apesar das admoestações
de Roma – primeiramente por parte de Paulo VI e, depois, de João Paulo II – ele continuou
ordenando.
A gota que faltava ocorreu no dia 30 de junho de 1988, quando ordenou
quatro bispos. Dois dias depois, a Congregação para os Bispos emitiu o decreto oficial
de excomunhão a Dom Lefèbvre e aos quatro bispos que ele consagrara.
Nos últimos
anos, todavia, a Santa Sé deu diversos passos para que os "lefèbvrianos" retornassem
ao seio da Igreja. Entre tais passos, sublinhamos a volta da celebração da missa em
latim, por desejo de Bento XVI.
No ano passado, o atual superior geral da Fraternidade
São Pio X recusou-se a retornar ao seio da Igreja, enquanto as excomunhões não forem
revogadas. (AF)