COMENTÁRIO DE MONS. PIETRO PAROLIN AO DISCURSO DO PAPA A CORPO DIPLOMÁTICO
Cidade do Vaticano, 10 jan (RV) - O discurso do papa aos embaixadores, feito
nesta quinta-feira, dia 8, está tendo grande repercussão. A ocasião foi a tradicional
audiência ao corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé, que teve lugar na Sala
Regia, no Vaticano, para a apresentação das felicitações de início do ano. O Santo
Padre fez um apelo em favor da paz e pediu que "se dê novamente esperança aos pobres",
mesmo porque – disse –, o número de pobres está em aumento no mundo, inclusive nos
países ricos. A esse propósito, a Rádio Vaticano ouviu o subsecretário das Relações
com os Estados, Mons. Pietro Parolin. Eis o que disse:
Mons. Pietro Parolin-
"O papa renovou esse apelo porque paz e desenvolvimento são sempre metas a serem alcançadas
dia após dia, das quais depende o próprio futuro da convivência humana. Apesar de
tantos esforços, a paz – tão desejada – ainda está distante. E se não há paz, também
a segurança está em perigo. A segurança não é garantida somente pelo silêncio das
armas, mas também pelo respeito à dignidade humana, pelo respeito aos direitos do
homem, pelo respeito às liberdades fundamentais. E como já dizia Paulo VI na encíclica
'Populorum Progressio', que o papa citou também em seu discurso, hoje o desenvolvimento
é mais do que nunca o novo nome da paz."
Para construir a paz é necessário
dar novamente esperança aos pobres, recordou Bento XVI em seu discurso, e evocou a
adoção de uma estratégia eficaz para combater a fome e facilitar o desenvolvimento
agrícola local.
P. O senhor acredita que os governos do mundo de hoje sejam
capazes e tenham realmente o desejo de alcançar esses objetivos tão importantes?
Mons.
Pietro Parolin:- "Sim. Eu creio que os governos de hoje dispõem dos instrumentos
e, portanto, são capazes de adotar essas estratégias eficazes para combater a fome,
para facilitar o desenvolvimento agrícola, embora eu saiba que os resultados não dependem
somente do esforço e do compromisso dos governos."
Nesse discurso ao corpo
diplomático, Bento XVI deu também particular atenção ao continente asiático e ao subcontinente
latino-americano, ambos marcados por situações que preocupam, mas também por progressos
reais que permitem olhar para o futuro com maior confiança – disse o papa.
P.
O senhor vê como necessário que a Igreja focalize, nos próximos anos, seus esforços
pelos povos dessas regiões?
Mons. Pietro Parolin:- "Sim, certamente.
A Igreja deve continuar dedicando recursos e energias a essas populações que vivem
no continente asiático e na América Latina. Isso se dá e continuará se verificando
porque a Igreja é universal em sua essência e, portanto, ninguém lhe é estranho. Continuará
caminhando com os povos da Ásia, acompanhando-os. E continuará caminhando e acompanhando
os povos da América Latina, partilhando esperanças e preocupações, iluminando as consciências
e formando os fiéis leigos a fim de que se coloquem a serviço do bem comum."
P.
O Santo Padre também fez referência à sua viagem à África, que realizará em março
próximo. A seu ver, que viagem se pode esperar?
Mons. Pietro Parolin:-
"Imagino que se possa esperar uma viagem na qual o Sucessor de Pedro encorajará a
acolher o Evangelho, a traduzi-lo na vida, a vivê-lo com coerência. E o que isso significa
para a África? Significa lutar contra a pobreza moral e material, significa proteger
os refugiados e os deslocados, significa tomar todas as medidas necessárias para resolver
os conflitos em andamento e para pôr fim às injustiças que os provocaram." (RL)