PÁROCO DE GAZA: "É UMA GUERRA CONTRA OS CIVIS, DETENHAM-NA"
Gaza, 06 jan (RV) - "Bombardeios maciços, um grande número de vítimas; os soldados
israelenses não mais distinguem entre civis e combatentes, esta é guerra, guerra,
guerra; alguém tente detê-la": é a dramática descrição feita pelo pároco da paróquia
da Sagrada Família, Pe. Manuel Musallam − único sacerdote católico da Faixa de Gaza
−, em entrevista concedida à agência missionária de notícias Misna. O sacerdote conta
a enésima tragédia de um povo sem pátria fechado há décadas numa prisão a céu aberto
e não ouvido pelo restante do mundo.
O sacerdote diz que os soldados israelenses
se encontram na área de seus antigos assentamentos abandonados em 2005. Os bombardeios
por céu, terra e mar são contínuos, afirma ele, acrescentando que alguns tiros atingiram
objetivos a menos de 20 metros da igreja.
Constata-se um certo desânimo nas
palavras do sacerdote, que vê com os seus olhos aquilo que muitos meios de informação
continuam escondendo ou fazendo finta de não ver.
"Os israelenses não somente
atiram indiscriminadamente, mas estão usando armas novas e mais insidiosas" − afirma
ele. Pe. Musallam disse ter conversado com o diretor do maior hospital de Gaza e que
este lhe teria falado de corpos com feridas estranhas jamais vistas em Gaza.
Confinados
entre os limites estreitos numa faixa de terra de 40Km de cumprimento e 15 de largura,
um milhão e meio de pessoas esperam os desdobramentos de um ataque cuja finalidade
ainda não conseguem ver com clareza.
"Apesar de o restante do mundo dizer o
contrário, mesmo porque impelido por uma informação de parte e desonesta − observa
ainda o Pe. Musallam −, foram os israelenses que repetidamente violaram a trégua,
não o Hamas."
"Hamas não é um movimento extremista, goza do apoio da população
e esse apoio cresceu na última semana. Multiplicar os motivos de ressentimento dos
palestinos, como Israel está fazendo matando mulheres, homens e crianças que jamais
pegaram numa arma de fogo, só fará distanciar ainda mais a paz" − pondera o pároco
de Gaza. (RL)