O mistério de Maria e o mistério do Filho unigénito de Deus que se faz homem constituem
um único mistério: Bento XVI nas I Vésperas de 1 Janeiro
Bento XVI concluiu o ano presidindo na Basílica de São Pedro às I Vésperas da Solenidade
de Santa Maria Mãe de Deus, com a exposição solene do Santíssimo Sacramento e o tradicional
«Te Deum» de acção de graças. Na sua homilia, Bento XVI deteve-se antes de mais a
considerar a oportunidade de celebrar, neste tempo natalício, a uma semana do 25 de
Dezembro, a maternidade divina de Maria, como estabeleceu o Papa Paulo VI em 1975,
restabelecendo aliás uma antiga tradição. “O Natal de Cristo, que comemoramos
nestes dias, está inteiramente abrangido pela luz de Maria e, ao passo que no presépio
nos detemos a contemplar o Menino, o olhar não pode deixar de dirigir-se reconhecidamente
também a Maria que com o seu sim tornou possível o dom da Redenção. É por isso que
o tempo natalício contém uma profunda conotação mariana: o nascimento de Jesus, homem-Deus
e a maternidade divina de Maria são realidades inseparáveis entre si: o mistério de
Maria e o mistério do Filho unigénito de Deus que se faz homem, formam um único mistério
onde um ajuda a compreender melhor o outro”. Se na noite de Natal, o Papa tinha
recordado especialmente as crianças, neste final de ano foi sobretudo os jovens que
Bento XVI quis evocar. Considerando-os “responsáveis pelo futuro” da cidade, o Papa
exortou-os a não terem medo da tarefa apostólica que o Senhor lhes confia. “Não hesiteis
em escolher um estilo de vida que não siga a mentalidade hedonística corrente! O Espírito
Santo assegura-vos a força necessária para testemunhar a alegria da fé e a beleza
de serdes cristãos” . Recordando “as crescentes necessidades da evangelização”,
Bento XVI convidou os jovens romanos a responderem prontamente ao Senhor, se por Ele
se sentirem chamados, pois “a sociedade tem necessidade de cidadãos que não se preocupem
apenas com os seus próprios interesses”. Observando que 2008 se conclui com “a consciência
de uma crescente crise social e económica, que abrange o mundo inteiro”, o Papa observou
que se trata de “uma crise que pede a todos mais sobriedade e solidariedade para ir
em ajuda especialmente das pessoas e das famílias em mais dificuldade”. Para além
do empenho já existente da parte da Caritas e de outras organizações católicas, Bento
XVI aproveitou a presença do presidente da Câmara de Roma e outras autoridades locais
para sublinhar que é “necessária a colaboração de todos, porque ninguém pode construir
sozinho a sua felicidade”. Já antes, dirigindo-se especialmente aos agentes pastorais
da diocese de Roma, o Papa recordara a utilidade de incrementar “a sinergia entre
as família, a escola e as paróquias para uma profunda evangelização e uma corajosa
promoção humana, capazes de comunicar ao maior número possível de pessoas a riqueza
que brota do encontro com Cristo”. Quase a concluir, um apelo à esperança, uma
esperança que se apoia na certeza de que Deus não abandona quem n’Ele confia: “Não
obstante o horizonte apresente muitas sombras ameaçadoras para o nosso futuro, não
devemos ter medo. A nossa grande esperança de crentes é a vida eterna na comunhão
de Cristo e de toda a família de Deus. Esta grande esperança dá-nos a força de enfrentar
e superar as dificuldades da vida neste mundo. A materna presença de Maria assegura-nos
esta tarde que Deus nunca nos abandona, se confiamos n’Ele e seguimos os seus ensinamentos”.
E o Papa concluiu com as palavras finais do Te Deum que se preparava para entoar,
ao terminar o ano 2008: “In Te, Domine, speravi: non confundar in aeternum – És Tu,
Senhor, a nossa esperança, não seremos confundidos para sempre. Sim, Senhor, em Ti
esperamos, hoje e sempre. És Tu a nossa esperança”. No final da celebração, Bento
XVI desceu à Praça São Pedro, para uma breve visita ao Presépio ali montado junto
do obelisco central, tendo ao lado uma grande Árvore de Natal. À noite, o Cardeal
Tarcisio Bertone, Secretário de Estado, deu início, na mesma Praça São Pedro, à grande
vigília de oração promovida pelo “Movimento pelo Amor Familiar”. A cerimónia decorrerá
diante do Presépio, a partir das 23h30 (hora local, menos uma em Lisboa), e prolonga-se
por toda a noite de passagem de ano, até às sete da manhã do primeiro de Janeiro 2009. Às
10 horas da manhã, na basílica de São Pedro, Bento XVI preside à celebração eucarística
da solenidade de Santa Maria Mãe de Deus. Como é sabido, 1 de Janeiro é também desde
1968, por vontade de Paulo VI, o Dia Mundial da Paz, de cada vez centrada sobre um
tema. Desta vez, o tema escolhido foi “Combater a pobreza, construir a paz”.