2008-12-31 19:28:13

"COMBATER A POBREZA, CONSTRUIR A PAZ", NESTE 1º DE JANEIRO, A MENSAGEM DE BENTO XVI PARA O DIA MUNDIAL DA PAZ


Cidade do Vaticano, 31 dez (RV) - Nesta quinta-feira, 1º de janeiro, às 10h locais, o Santo Padre presidirá à celebração da solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus. Também nesta quinta-feira celebra-se o 42º Dia Mundial da Paz, para o qual o papa escreveu uma mensagem que se intitula "Combater a pobreza, construir a paz".

Aproveitamos a ocasião para retomar brevemente o conteúdo da mensagem.

O drama da miséria que espezinha os direitos de centenas de milhões de pessoas, favorecendo ou agravando os conflitos, "se impõe à consciência da humanidade". O pontífice convida a combater a pobreza no mundo para construir a paz. Mas é necessário percorrer uma estrada: mudar "os estilos de vida, os modelos de produção e de consumo, as estruturas consolidadas de poder que hoje regem a sociedade".

Não se trata de uma operação puramente exterior: de fato, é necessário "abandonar a mentalidade que considera os pobres (...) como um fardo e como incômodos inoportunos que pretendem consumir aquilo que outros produzem": é necessário "olhar para os pobres na consciente perspectiva de que todos são partícipes de um único projeto divino, o da vocação a constituir uma única família".

Ademais, "a avidez e horizontes estreitos" criam aqueles "sistemas injustos" que mais cedo ou mais tarde custam caro a todos. Somente a insensatez _ afirma o papa _ pode (...) induzir a construir uma casa dourada, mas com o deserto e a degradação ao redor.

O Santo Padre denuncia "um aumento do abismo entre ricos e pobres"; a atual crise alimentar "caracterizada não tanto pela insuficiência de alimento, mas pela dificuldade de acesso a este e por fenômenos especulativos"; "o escândalo da desproporção existente entre os problemas da pobreza e as medidas" predispostas "para afrontá-los" e, diante desses problemas, "o crescimento da despesa militar" que "corre o risco de acelerar uma corrida armamentista" provocando "bolsões de subdesenvolvimento e de desespero".

Além disso, o abismo tecnológico, a exclusão dos fluxos comerciais mundiais e as dinâmicas dos preços, aumentam ainda mais as distâncias entre norte e sul: os países pobres, em particular as nações africanas, sofrem "uma dupla marginalização": têm as mais baixas rendas, e os preços de seus produtos agrícolas e de suas matérias-primas crescem menos velozmente do que os produtos industriais dos países ricos.

Em seguida, o pontífice destaca as conseqüências negativas de um sistema de intercâmbios financeiros (...) baseados numa lógica a curto prazo que não considera o bem comum e é perigosa "para todos, inclusive para quem consegue beneficiar-se durante as fases de euforia financeira".

Em sua mensagem, o Santo Padre manifesta também a preocupação pelas doenças pandêmicas como a malária, a tuberculose e a Aids: a comunidade internacional ainda faz muito pouco para combatê-las e por vezes os países atingidos sofrem imposições de "quem condiciona as ajudas econômicas à aplicação de políticas contrárias à vida".

No que concerne à Aids, o papa convida a que sejam adotadas campanhas que eduquem especialmente os jovens a uma sexualidade que corresponda à dignidade da pessoa.

Iniciativas adotadas nesse sentido já deram frutos significativos fazendo diminuir a sua difusão _ explica o pontífice na mensagem. É também ressaltada a necessidade de acesso aos medicamentos por parte dos mais pobres com "uma aplicação flexível das regras internacionais da propriedade intelectual".

A Mensagem, referindo-se àqueles que colocam em relação pobreza e desenvolvimento demográfico, lança uma forte crítica às "campanhas de redução da natalidade, conduzidas internacionalmente, também com métodos não respeitosos nem da dignidade da mulher, nem do direito dos cônjuges de escolher responsavelmente o número de filhos e, muitas vezes, o que é mais grave, nem respeitosos do direito à vida.

O extermínio de milhões de crianças não nascidas, em nome da luta contra a pobreza _ escreve o papa _, constitui na realidade a eliminação dos mais pobres entre os seres humanos.

O Santo Padre oferece um dado objetivo: o fato que nos últimos anos saíram da pobreza países caracterizados "por um notável incremento demográfico" despontando "no cenário internacional como novas potências econômicas" realizando "um rápido desenvolvimento justamente graças ao elevado número de seus habitantes".

"Em outros termos, a população está se confirmando como uma riqueza e não como um fator de pobreza" _ observa o papa.

O documento ressalta ainda um dado terrível: quase a metade dos pobres do mundo inteiro é constituída de crianças. E convida a defender a instituição familiar porque "quando a família se enfraquece, os danos recaem inevitavelmente sobre as crianças". Assim como onde "não é tutelada a dignidade da mulher e da mãe, são principalmente os filhos os que mais sofrem".

O que fazer? _ pergunta-se. A globalização deve ser conduzida pela solidariedade, porque "sozinha é incapaz de construir a paz e em muitos casos, pelo contrário, cria divisões e conflitos" _ afirma Bento XVI.

É preciso "lutar contra a criminalidade" e "investir na formação das pessoas" desenvolvendo "de modo integrado uma específica cultura da iniciativa".

De fato, "as políticas preponderantemente assistencialistas" são causa de muitas falências na ajuda aos países pobres. É preciso dar também mais espaço à sociedade civil. Mas, em última instância _ conclui o Santo Padre _, "a luta contra a pobreza tem (...) necessidade de homens e mulheres que vivam profundamente a fraternidade", vendo nos pobres o rosto de Cristo. (RL)







All the contents on this site are copyrighted ©.