Agrava-se a situação no Médio Oriente: apelos ao diálogo entre as partes envolvidas
no conflito
(30/12/2008) A situação agrava-se no Médio Oriente.... Enquanto na frente diplomática
se multiplicam os apelos ao diálogo entre as partes envolvidas neste conflito, fontes
hospitalares na faixa de Gaza, dão conta de pelo menos 360 palestinianos mortos e
cerca de 1700 feridos…. Esta terça-feira reúnem-se em Paris os 27 Ministros dos
Negócios Estrangeiros da União Europeia para analisar a situação no terreno, ao mesmo
tempo que o Secretário-Geral das Nações Unidas apela ao diálogo entre israelitas e
palestinianos. Um apelo nesse sentido foi feito nas últimas horas pelo Ministro
Português dos Negócios Estrangeiros…Luís Amado lamenta os actos de violência que estão
a provocar a morte a centenas de pessoas e apela ao cessar-fogo imediato e ao regresso
do diálogo.
Entretanto, o governo israelita admite mesmo uma grande ofensiva
por terra, uma hipótese que só irá agravar o conflito…. O secretário-geral das
Nações Unidas, Ban Ki-moon, reiterou já o seu apelo ao fim imediato da violência em
Gaza, considerando-a "inaceitável". E exortou os líderes mundiais, nomeadamente
os árabes, a agir rapidamente para pôr fim à violência. "Os parceiros regionais e
internacionais ainda não fizeram o suficiente. Devem fazer mais", sublinhou. Lembrando
que os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países árabes vão reunir-se de emergência,
Ban Ki-moon exortou-os a "agir rapidamente para pôr um fim a este impasse". Foram
vários os países, nomeadamente os Estados muçulmanos asiáticos, que se juntaram às
vozes críticas que condenam os raides de Israel em Gaza. As capitais ocidentais, ainda
que apelem ao fim da violência, são menos unânimes relativamente à responsabilidade
deste novo episódio de conflitos. O Paquistão, Afeganistão, Indonésia e a Malásia
exigiram o "fim imediato" da ofensiva aérea israelita. O Presidente paquistanês Asif
Ali Zardari considera estes raides "contra-produtivos" e apelou à "comunidade internacional
para promover uma solução pacífica, justa e duradoura para a questão palestiniana".
O Ministério afegão dos Negócios Estrangeiros afirmou que estes bombardeamentos que
"matam inocentes" não se podem justificar apenas por motivos políticos, nomeadamente
contra o Hamas que controla a Faixa de Gaza desde Junho de 2007. Como a Malásia,
a Indonésia denunciou o "uso desproporcional da força" por Israel e considerou que
os disparos palestinianos forma um "acto de auto-defesa" face à "ocupação militar
e à colonização" pelo Estado hebreu. O presidente em exercício da Organização da
Conferência Islâmica (OCI), o Presidente senegalês Abdoulaye Wade, refutou a razão
apresentada por Israel para estes bombardeamentos, que considerou "inaceitáveis" e
que "não se podem explicar pelo lançamento de 'rockets' pelo Hamas". O Governo
do Presidente cessante George W. Bush, que vê o Hamas como o "responsável", disse
que os "Estados Unidos compreendem que Israel deve agir para se defender". A Casa
Branca exortou o Hamas a "cessar os seus disparos de 'rockets'" e a "aceitar um cessar-fogo
viável e duradouro para que as violências possam terminar". O Canadá e a Alemanha
também tomam o Hamas como o responsável pela escalada de violência. No seio da
União Europeia, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros David Miliband mostrou-se
mais crítico em relação a Israel, lamentando as perdas humanas "inaceitáveis". "Isso
ameaça as hipóteses de uma paz que é tão importante para os palestinianos (...) como
para Israel". A China empregou um tom firme para com Israel, dizendo-se "chocada
e seriamente preocupada" e a Bolívia expressou a sua "condenação total dos ataques
israelitas". O Japão, Polónia e o Conselho da Europa apelaram a Israel e ao Hamas
para suspenderem a violência, considerando-os ambos responsáveis.