Cidade do Vaticano, 25 dez (RV) – Dia de Natal, memorial do nascimento de Nosso
Senhor Jesus Cristo!
Neste dia maravilhoso para todos os cristãos e para toda
a humanidade, Bento XVI assomou ao balcão central da Basílica Vaticana, para proferir
sua mensagem de Natal a todos os homens de boa vontade, seguida da sua bênção "urbi
et orbi", à Cidade de Roma e ao mundo inteiro.
A Praça São Pedro estava repleta
de peregrinos, fiéis e turistas provenientes de várias partes da Itália e do mundo,
que acolheram com fé a mensagem do Santo Padre. Estavam presentes também, entre outros,
as bandas musicais do Corpo da Guarda Suíça Pontifícia e dos Carabineiros da Itália,
que executaram, respectivamente, o hino Pontifício e o hino nacional da Itália.
"Amados
irmãos e irmãs _ disse o papa _ manifestou-se a todos os homens a graça de Deus, nosso
Salvador. Com estas palavras do apóstolo Paulo, eu renovo o jubiloso anúncio do Natal
de Cristo! Ele se manifestou! Eis o que a Igreja celebra hoje. A graça de Deus, rica
em bondade e ternura, não está mais oculta, mas se manifestou na carne, mostrou o
seu rosto."
E o Papa perguntou: "Onde" isso aconteceu? Em Belém. "Quando"?
Sob o império de César Augusto, durante o primeiro recenseamento. "Quem" revelou a
graça de Deus? Um recém-nascido, o Filho da Virgem Maria. Nele manifestou-se a graça
de Deus, nosso Salvador. Eis porque o recém-nascido se chama "Jehoshua" (Jesus), que
significa "Deus salva".
A graça de Deus manifestou-se! Eis o verdadeiro significado
de Natal: festa de luz. Não uma luz total, como aquela que envolve todas as coisas
em pleno dia, mas um clarão na noite, que se difunde de um ponto concreto do universo:
a gruta de Belém, onde o Deus Menino veio à luz.
Na verdade _ disse o Pontífice
_ Ele é a luz que se propaga, que dissipa as trevas e nos permite compreender o sentido
e o valor da nossa existência e da história.
Todo presépio é um convite simples
e eloqüente a abrir o coração e a mente ao mistério da vida. É um encontro com a Vida
imortal, que se fez mortal na mística cena do Natal: uma cena que podemos admirar
também aqui, nesta Praça, como em inumeráveis igrejas e capelas do mundo inteiro e
em toda a casa onde é adorado o nome de Jesus.
No casebre humilde e pobre de
Belém, poucas pessoas encontraram o recém-nascido, mas ele veio para todos: judeus
e pagãos, ricos e pobres, de perto e de longe, cristãos e não cristãos… Os que acolheram
o Verbo encarnado, naquela noite fria de Belém foram Maria e José, que o esperavam
com amor, e os pastores, que vigiavam durante a noite. Portanto, uma pequena comunidade
acorreu para adorar o Menino Jesus; uma pequena comunidade que representa a Igreja
e todos os homens de boa vontade.
Também hoje, aqueles que o esperam e procuram,
encontram Deus, que por amor se fez nosso irmão: os pobres em espírito, os aflitos,
os mansos, os famintos de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os artesãos
da paz, os perseguidos por causa da justiça. Estes reconhecem em Jesus o rosto de
Deus e, como os pastores de Belém, regressam às suas casas, renovados no coração pela
alegria do seu amor.
Irmãos e irmãs que me escutam, a todos os homens se destina
o anúncio de esperança que constitui o coração da mensagem de Natal. Jesus nasceu
para todos. E, como em Belém, Maria o ofereceu aos pastores, neste dia também a Igreja
o apresenta à humanidade inteira, para que possa transformar o mal em bem e mudar
o coração do homem, tornando-o oásis de paz.
Que todos possam experimentar
a força da graça salvífica de Deus, sobretudo as numerosas populações que vivem ainda
nas trevas e nas sombras da morte.
Que a Luz divina de Belém _ prosseguiu
o Santo Padre _ se difunda na Terra Santa, onde o horizonte parece tornar-se obscuro
para israelenses e palestinos; difunda-se no Líbano, no Iraque e todo o Oriente Médio;
torne fecundos os esforços dos que não se resignam com a lógica perversa do conflito
e da violência; pelo contrário, privilegiam o caminho do diálogo e das negociações
para se harmonizar as tensões internas nos diversos países e encontrar soluções justas
e duradouras para os conflitos que atormentam a região.
Por esta Luz, que
transforma e renova, continuou o Papa, anelam os habitantes do Zimbábue, na África,
oprimidos há tanto tempo por uma crise política e social, que, infelizmente, continua
a agravar-se; como também os homens e as mulheres da República Democrática do Congo,
especialmente na martirizada região de Kivu, de Darfur, no Sudão, e da Somália, cujos
infinitos sofrimentos são uma trágica conseqüência da falta de estabilidade e de paz.
Por esta Luz, enfim, esperam, sobretudo, as crianças destes países e de tantos
outros em dificuldade, a fim de que lhes seja restituída a esperança de um futuro
melhor:
Que a Luz do Natal resplandeça e encoraje todos a agirem com espírito
de autêntica solidariedade, especialmente onde a dignidade e os direitos da pessoa
humana são espezinhados; onde os egoísmos pessoais ou de grupo prevalecem sobre o
bem comum; onde se corre o risco de se acostumar ao ódio fratricida a à exploração
do homem pelo homem; onde as lutas internas dividem grupos e etnias e dilaceram a
convivência; onde o terrorismo continua a atacar; onde falta o necessário para a sobrevivência;
onde se olha com apreensão para um futuro que se vai tornando cada vez mais incerto,
mesmo nas nações do bem-estar.
Enfim, hoje "se manifestou a graça de Deus Salvador"
neste nosso mundo, com as suas potencialidades e as suas fragilidades, com os seus
progressos e as suas crises, com as suas esperanças e as suas angústias. Por isso,
o Pontífice exortou os fiéis a adorar o filho de Maria em cada ângulo da terra. Ele
veio mostrar-nos o caminho da paz.
O Papa concluiu: Deus veio ao nosso encontro
e mostrou-nos o seu rosto, rico em misericórdia! Que a sua graça não seja vã para
nós! Procuremos Jesus, deixemo-nos atrair pela sua luz, que dissipa a tristeza e o
medo do coração do homem. Aproximemo-nos dele com confiança e humildade, e prostrados,
o adoremos.
Após sua mensagem natalina, Bento XVI passou a expressar seus
votos de Feliz Natal, aos milhares de presentes na Praça São Pedro e ao mundo inteiro,
em 64 línguas.
Iniciando com a língua italiana e concluindo com o latim, o
Santo Padre fez as suas felicitações natalinas em português. Ao término concedeu a
todos a sua bênção "urbi et orbi" à Cidade de Roma e a ao mundo inteiro. Vamos ouvi-lo:
"Feliz
Natal para todos! O nascimento do Menino Jesus ilumine de alegria e paz vossos lares
e nações"! (MT)