2008-12-23 11:41:28

Insegurança e negligência caracterizam as dez maiores crises humanitárias de 2008, segundo o relatorio de "Médicos sem Fronteiras"


(23/12/2008) A insegurança e a negligência abundam nas dez maiores crises humanitárias que este ano foram identificadas pela organização não governamental Médicos sem Fronteiras. Na lista constam as deslocações maciças e forçadas de populações, a violência, a ausência de cuidados médicos adequados na Somália, na RD Congo, no Sudão, no Paquistão e no Iraque, assim com as situações de emergência no Zimbabwe e na Birmânia.
O relatório anual desta organização chama ainda a atenção para a crescente dificuldade que os trabalhadores humanitários têm no acesso às populações carenciadas. O documento sublinha também a falta de atenção para a crescente prevalência de pessoas infectadas simultaneamente com tuberculose e com sida. E a necessidade de aumentar os esforços globais para prevenir e tratar a malnutrição - causa da morte de cinco milhões de crianças por ano.
No caso da Somália, por exemplo, o relatório desta organização criada em 1971, a seguir à fome no Biafra, lembra que foi obrigada a retirar os seus funcionários internacionais, 97, depois de três terem sido mortos num ataque à bomba perto da cidade portuária de Kismayo. A Somália não tem governo efectivo há quase duas décadas e, nos últimos tempos, tornou-se terreno fértil para radicais islâmicos e piratas.
No caso da RD Congo, onde nos últimos meses houve um reacender dos confrontos no Kivu Norte, os Médicos sem Fronteiras dizem que a missão da ONU no terreno tem sido incapaz de proteger os civis. Há milhares de deslocados e milhares também já a sofrerem de cólera. A organização criada por médicos, entre os quais o francês Bernard Kouchner, aponta também o dedo aos bombardeamentos norte-americanos como causa para a crescente insegurança de civis no Paquistão.
Na região sudanesa do Darfur, onde existe a maior operação humanitária em todo o mundo, com 80 organizações e 15 mil trabalhadores, a situação permanece desesperante. Há milhares de pessoas em campos, onde a sua segurança, tal como a dos que as ajudam, não está garantida.
No Zimbabwe a epidemia de cólera já matou mais de mil pessoas. Até agora os Médicos sem Fronteiras conseguiram tratar 11 mil. Mas as restrições impostas pelo regime de Robert Mugabe em nada ajudam. A cólera veio juntar-se a uma situação já de pobreza e a uma grave crise económica e política.
Na Birmânia, país fustigado pelo furacão Nargis em Maio, a junta militar ignora as necessidades médicas da população. Oitenta por cento do tratamento para o VIH/sida é fornecido pela organização que está na origem deste relatório anual.








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