PE. LOMBARDI: "SEM FUNDAMENTO NOTÍCIA DE ORAÇÃO PELOS JUDEUS ESCRITA POR JOÃO XXIII"
Cidade do Vaticano, 22 dez (RV) – Não tem fundamento a atribuição a João XXIII,
de uma oração pelos judeus, escrita pouco antes de sua morte. Foi o que disse o diretor-geral
da Rádio Vaticano, Pe. Federico Lombardi, referindo-se a um artigo publicado neste
domingo, pelo diário italiano "La Repubblica", que fala de um texto que teria permanecido
inédito. O caderno cultural do jornal traz um amplo artigo sobre uma oração que João
XXIII teria escrito, pelos judeus, pouco antes de morrer.
Pe. Lombardi ouviu
Mons. Loris Capovilla, que foi secretário do Papa João XXIII, sendo informado de que
a atribuição do texto ao "Papa bondoso" não tem o menor fundamento.
O texto
foi publicado em janeiro de 1965, pelo "Comitê Judaico-americano" e, na Itália, em
1966. Os peritos sempre consideraram duvidosa a atribuição do escrito a João XXIII
_ destacou Pe. Lombardi.
Toda essa questão foi estudada atentamente e resolvida
de modo definitivo _ ou pelo menos assim de esperava _ através de um artigo publicado
na revista dos jesuítas "Civiltà Cattolica", em junho de 1983, de autoria do Pe. Giovanni
Caprile, em colaboração com Mons. Loris Capovilla.
"O texto da oração atribuído
a João XXIII não contém nada de mal, e, de fato, apresenta algumas afinidades de estilo
com seus escritos, o que explica porque diversas pessoas acreditaram que poderia ser
de sua autoria. Todavia _ sublinha Pe. Lombardi _ outros argumentos internos, tais
como a sua ausência do acervo de escritos deixados pelo papa, e a total falta de provas
de tal atribuição nos levam, necessariamente, a concluir que o texto não é do pontífice."
"Pe.
Caprile _ conclui o diretor-geral da Rádio Vaticano _ recorda os testemunhos de respeito
e de amor, de João XXIII pelo povo judaico0, durante toda a sua vida, e evidencia
seus grandes méritos nesse campo, mas conclui que, para compreendê-los e dar-lhes
o devido apreço, a verdade histórica é mais do que suficiente, não sendo necessário
recorrer a piedosas, ainda que verossímeis, ficções. Depois de 25 anos, devemos reiterar
essa nossa conclusão." (SP/AF)