BENTO XVI A DIPLOMATAS: O EMBAIXADOR PODE E DEVE SER UM ARTESÃO DA PAZ
Cidade do Vaticano, 18 dez (RV) - Bento XVI recebeu em audiência, na manhã
desta quinta-feira, na Sala Clementina, no Vaticano, onze novos embaixadores junto
à Santa Sé, para a apresentação de suas credenciais.
Trata-se de diplomatas
provenientes do Malauí, Suécia, Serra Leoa, Islândia, Luxemburgo, Madagascar, Belize,
Tunísia, Cazaquistão, Barein e ilhas Fiji.
Na reflexão que fez aos diplomatas,
o papa falou sobre os desafios da função que desempenham como mediadores internacionais:
"A promoção da paz é a essência da missão de um embaixador" _ ressaltou o Santo Padre
em seu discurso.
"O embaixador por e deve ser um construtor de paz. O artesão
de paz de que se fala aqui não é apenas a pessoa de temperamento conciliador, que
deseja viver bem com todos e, se possível, evitar os conflitos, mas também alguém
que se coloca totalmente a serviço da paz e se empenha ativamente para construí-la,
às vezes, a ponto de dar a própria vida."
Se, no passado, a humanidade fez
a experiência de uma "indigna escravidão" no âmbito de sistemas políticos e econômicos
que _ observou o papa _ por muito tempo "buscaram se impor através da demagogia e
da violência", hoje existe uma exigência de "paz autêntica", que não pode ser satisfeita
_ insistiu Bento XVI _ "senão quando reina a justiça".
"A Santa Sé publicou,
às vésperas da Conferência de Doha que se concluiu há poucos dias, uma nota sobre
a atual crise financeira e seu impacto na sociedade e nas pessoas. Estes são alguns
pontos de reflexão destinados a promover o diálogo acerca de vários aspectos éticos
que deveriam nortear as relações entre as finanças e o progresso, e encorajar governos
e responsáveis pela economia a buscarem soluções duradouras e a solidariedade, pelo
bem de todos, em particular daqueles que são mais vulneráveis às dramáticas conseqüências
da crise."
Nos discursos dirigidos aos diplomatas europeus, o Santo Padre manifestou
sua preocupação pelo projeto de lei que busca aprovar a eutanásia e o suicídio assistido,
em tramitação no Parlamento de Luxemburgo, invocando respeito pela vida e pela dignidade
de todo ser humano.
Da mesma forma, exortou a embaixadora da Suécia, a solicitar
o próprio Governo a garantir a tutela jurídica da família e dos nascituros. Falando
à diplomata, o papa não deixou de manifestar seu apreço, pela abertura da Suécia aos
milhares de cristãos em fuga do Iraque, assegurando suas constantes orações pela situação
dos cristãos no Oriente Médio.
A promoção da paz, o valor da liberdade religiosa,
a necessidade de diálogo entre as culturas, assim como empenho em favor de um crescimento
econômico sustentável e solidário foram os temas abordados pelo Santo Padre em seus
discursos de boas-vindas aos embaixadores dos quatro países de maioria islâmica, presentes
na audiência: da Tunísia, do Cazaquistão, de Bahrein e de Serra Leoa.
A crescente
distância entre o Norte e o Sul do mundo, e entre ricos e pobres foi o eixo do discurso
de Bento XVI ao embaixador de Madagascar, país que viu piorar consideravelmente a
própria situação socioeconômica após a passagem de devastadores ciclones. Essa constatação
deu ao pontífice a oportunidade de exortar a comunidade internacional a não reduzir
duas ajudas às nações mais pobres, tomando como pretexto a crise financeira mundial.
Ao
embaixador de Belize, nação centro-americana, o papa recomendou que exortasse os jovens
a colherem a herança de tradições culturais e religiosas que são fruto de uma história
de cooperação e respeito mútuo. Valores aos quais hoje se contrapõem _ observou Bento
XVI _ modelos culturais importados e alienantes, que alimentam um clima de cinismo
e favorecem o abuso do álcool e das drogas, além de enfraquecerem o idealismo, a generosidade
e a esperança dos jovens. Diante desses fenômenos _ reiterou o papa _ a família se
coloca como baluarte para o futuro da sociedade e para a defesa da dignidade humana.
Ao
embaixador de Malauí o papa frisou a necessidade urgente de que os países africanos
se unam para enfrentar os desafios do futuro e assegurar um desenvolvimento integral
de seus povos. Além disso, o pontífice pediu mais esforços para garantir a segurança
alimentar, acabar com a pobreza e combater as doenças, sobretudo o vírus HIV.
O
papa se congratulou com o embaixador das ilhas Fiji, pelos progressos realizados a
fim de restabelecer um governo democrático no país, após o golpe de Estado de 2006.
E finalizando, pediu a cooperação dos países do Pacífico, a fim de enfrentar os desafios
das mudanças climáticas e assegurar um modelo de desenvolvimento sustentável. (MT/MJ/AF)