Para o Nobel da Paz 2008, é possível a paz no Médio Oriente
(11/12/2008) "Todos os conflitos podem ter solução pacífica e não há desculpa alguma
para os deixar eternizar", disse esta quarta feira o galardoado com o Nobel da Paz,
o ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari, ao discursar na cerimónia de entrega do
prémio em Oslo. Para o responsável pela mediação do conflito entre o Governo de
Jacarta e os independentistas da região do Aceh, na ilha de Samatra, aquele princípio
deve ser também seguido no Médio Oriente. E é possível obter resultados, desde que
o "novo Presidente dos Estados Unidos [Barack Obama] conceda toda a prioridade ao
conflito no seu primeiro ano de mandato". Mas a solução do conflito não deve ser
restringida à vertente israelo-palestiniana, deve "compreender o conjunto da região"
num acordo global "de Israel e da Palestina ao Iraque e ao Irão", explicou Ahtisaari.
Este, além do sucesso conseguido no conflito do Aceh, interveio ainda na Namíbia e
nos Balcãs; aqui, sem conseguir qualquer acordo. Numa referência aos vectores na
origem do longo conflito no Médio Oriente, o ex-presidente da Finlândia recusou a
ideia de que este assenta numa forma de guerra entre religiões. Para Ahtisaari, as
religiões "são em si mesmo pacíficas e podem representar uma força construtiva para
a paz", afirmou no seu discurso de aceitação do prémio. O Nobel da Paz de 2008 abordou
ainda outra forma de conflito que resulta das desigualdades económicas e da crescente
clivagem entre países ricos e pobres. Um fosso que, perante o espectro da crise económica
internacional, não deixará de se agravar ao longo de 2009. Sobre este aspecto, Ahtisaari
sustentou que a presente crise "pode revelar-se um importante revés para os países
em desenvolvimento".