2008-12-10 18:03:28

SECRETÁRIO DE ESTADO: "DIREITOS HUMANOS SÃO A EXPRESSÃO DA FACE DA PESSOA HUMANA"


Cidade do Vaticano, 10 dez (RV) - Sessenta anos atrás, em 10 de dezembro de 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Para comemorar esta data, a Santa Sé organizou esta tarde, na Sala Paulo VI, Ato comemorativo de reflexão e de estudo, com discursos, entre outros, do cardeal secretário de estado, Tarcisio Bertone, e do diretor-geral da Organização Mundial do Trabalho, Juan Samovia, na presença do príncipe Grão-Meste da Soberana Ordem Militar de Malta, Fra Matthew Festing, e também do presidente italiano Giorgio Napolitano

Em seu discurso, o Cardeal Bertone falou que a Declaração testemunha uma esperança renovada, pois é uma tentativa de purificar a memória da família humana. "Não estamos diante de uma proclamação", disse ele, mas de uma nova consideração e colocação da dignidade humana por parte da comunidade internacional.

A Igreja viu na Declaração um "sinal dos tempos", considerando-a "um passo importante no caminho rumo à organização jurídica e política da comunidade mundial".

Para o Cardeal Bertone, hoje estamos diante de um preocupante quadro global, que primeiramente é o reflexo de estruturas econômicas não correspondentes ao valor do homem. Neste contexto, os direitos basilares parecem depender de mecanismos anônimos sem controle e de uma visão que se fecha no interesse do momento, esquecendo que a característica da família humana é a solidariedade.

Mas o que provoca a negação dos direitos humanos?, perguntou o cardeal. São as estruturas econômicas e suas recentes mudanças ou o abandono da visão da pessoa? Para o purpurado, a pessoa hoje se tornou sempre mais um objeto do agir econômico, que muitas vezes se reduz a reivindicar somente os direitos ligados à sua função de consumidor e não de pessoa.

Os direitos humanos, recordou, não são depósitos, que segundo os momentos históricos, culturais e políticos se preenchem de significado. Pelo contrário, a causa principal da ineficácia e da violação dos direitos do homem é justamente a ausência de valores aos quais vinculá-los.

"Somente uma visão débil dos direitos humanos pode considerar que o ser humano é o resultado dos seus direitos, não reconhecendo que os direitos permanecem um instrumento criado pelo homem para dar plena realização à sua dignidade inata", recordou.

O cardeal destacou ainda que não existe uma hierarquia entre os direitos humanos. Eles formam um conjunto, são como um único direito: o direito de se tornar homem, ou como dizia Paulo VI, de se tornar "mais homem". "Os direitos não se fundamentam por si só, mas são a expressão da face da pessoa humana e de sua dignidade", concluiu. (BF)







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