NO ANGELUS, A PROXIMIDADE DO PAPA AOS ATINGIDOS PELAS ENCHENTES EM SANTA CATARINA
Cidade do Vaticano, 07 dez (RV) - Bento XVI assomou ao meio-dia de hoje à janela
de seus aposentos _ que dá para a Praça São Pedro _ para a oração dominical do Angelus.
Na alocução que precede a oração mariana, o pontífice afirmou que a Igreja eleva a
sua voz em favor de todos os pobres do mundo e daqueles que vêem os seus direitos
desrespeitados.
O Papa lembrou que o Advento é um tempo de Esperança. Mas a
esperança cristã _ observou _ vai além da legítima espera de uma libertação social
e política.
Após a oração mariana, o Santo Padre dirigiu o seu pensamento ao
Patriarca Aleksej II, que faleceu nesta sexta-feira, aos 79 anos, após ter tido _
nos últimos anos _ graves problemas de saúde.
Bento XVI ressaltou _ em sua
alocução _ que Cristo é a “novidade absoluta” da história e “veio habitar no meio
dessa humanidade decaída para renová-la internamente”, acrescentando que no Advento
“ressoa uma mensagem cheia de esperança, que convida a elevar o olhar ao horizonte
último, mas ao mesmo tempo a reconhecer no presente os sinais do Deus-conosco”.
E
referindo-se ao Evangelho de hoje, o papa frisou que na liturgia deste II Domingo
do Advento ressoa a palavra de consolação do Profeta que anuncia a salvação e a libertação
do povo de Deus, o fim de suas tribulações:
“Também hoje se eleva a voz
da Igreja: ‘No deserto preparai o caminho do Senhor’ (Is 40, 3). Pelas populações
debilitadas pela miséria e pela fome, pelas fileiras de refugiados, por aqueles que
sofrem graves e sistemáticas violações de seus direitos; por todos esses a Igreja
se coloca como sentinela no monte alto da fé e anuncia: ‘Eis o vosso Deus! Eis o Senhor
Deus que vem com poder’ (Is 40, 11).”
“Esse anúncio
profético _ disse o papa _ realizou-se em Jesus Cristo”, que “inaugurou um êxodo não
mais somente terreno, e como tal provisório, mas radical e definitivo: a passagem
do reino do mal ao reino de Deus, do domínio do pecado e da morte ao do amor e da
vida”:
“Portanto, a esperança cristã vai além da legítima espera de uma
libertação social e política, porque aquilo que Jesus iniciou é uma humanidade nova,
que vem ‘de Deus’, mas ao mesmo tempo germina nessa nossa terra, na medida em que
ela se deixa fecundar pelo Espírito do Senhor. Trata-se, por isso, de entrar plenamente
na lógica da fé: crer em Deus, em seu desígnio de salvação, e, ao mesmo tempo, empenhar-se
para a construção de seu Reino. De fato, a justiça e a paz são dom de Deus, mas requerem
homens e mulheres que sejam ‘terra boa’, pronta a acolher a boa semente da sua Palavra.”
Nessa
perspectiva, a Virgem Maria “é o ‘caminho’ que Deus mesmo preparou para vir ao mundo”:
“Com
toda a sua humildade, Maria caminha à frente do novo Israel no êxodo de todo exílio,
de toda opressão, de toda escravidão moral e material, rumo a ‘novos céus e nova terra’,
nos quais habita a justiça’ (2 Pd 3, 13). Confiamos à sua materna
intercessão a expectativa de paz e de salvação dos homens do nosso tempo.”
Como
dissemos, após o Angelus o Santo Padre recordou o falecimento do Patriarca de Moscou
e de todas as Rússias, Aleksej II:
“Unimo-nos na oração aos nossos irmãos
ortodoxos para recomendar a sua alma à bondade do Senhor, a fim de que o acolha em
seu Reino de luz e de paz.”
Em seguida, o pontífice recordou que na tarde
da próxima quinta-feira, dia 11, encontrará na Basílica de São Pedro os universitários
das Pontifícias universidades romanas, ao término da missa que será presidida pelo
cardeal vigário do papa para a Diocese de Roma, Cardeal Agostino Vallini. Na ocasião
o pontífice entregará aos jovens estudantes a Carta de São Paulo apóstolo aos Romanos.
Em
suas saudações, em várias línguas, aos diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes,
Bento XVI dirigiu uma saudação aos Clérigos Marianos da Imaculada Conceição, que amanhã,
segunda-feira, darão início ao centenário do renascimento e da reforma de sua Congregação,
convidando-os a permanecerem sempre fiéis a seu carisma.
Por fim, na saudação
em português o Santo Padre expressou a sua proximidade àqueles que foram atingidos
pela catástrofe ambiental que já provocou nos últimos dias mais de 120 mortos no Estado
de Santa Catarina, deixando quase 33 mil pessoas desabrigadas e desalojadas. Eis então
a saudação do papa:
“Saúdo agora os peregrinos de língua portuguesa e
todos aqueles que estão unidos a nós através desta oração à Virgem Maria. De modo
particular, desejo reiterar meus sentimentos de comoção pela catástrofe ambiental
ocorrida há poucos dias no Estado de Santa Catarina, causando numerosas vítimas e
deixando desabrigados milhares de pessoas. Para todos invoco a proteção do Altíssimo,
para que possa recompensar o povo brasileiro e as autoridades nacionais e estrangeiras,
pela ajuda prestada aos flagelados nesta hora de viva consternação. A todos e às vossas
famílias dou de coração a minha Bênção Apostólica.” (RL)