SANTA SÉ: DIREITOS HUMANOS NÃO SEJAM SOMENTE PROCLAMADOS, MAS RESPEITADOS
Cidade do Vaticano, 06 dez (RV) - O secretário das Relações com os Estados,
Dom Dominique Mamberti, fez um pronunciamento no 16º Conselho da OSCE _ Organização
para a Segurança e a Cooperação Européia _, no qual deu ênfase a alguns temas fortes,
como a intolerância para com os cristãos, a eliminação dos armamentos, a difícil situação
no Cáucaso, e a chaga do tráfico de seres humanos. O arcebispo exortou os Estados
que fazem parte da OSCE a darem atenção à atual crise econômica e financeira.
No
discurso ao conselho ministerial da OSCE, o prelado reiterou que à distância de 60
anos da adoção da Declaração universal dos Direitos do Homem, a Igreja católica “luta
para garantir que os direitos humanos não sejam somente proclamados, mas também respeitados”.
Dom
Mamberti deu ênfase particular ao direito à liberdade religiosa. A Santa Sé pede que
tal direito seja respeitado universalmente e “olha com preocupação para os sempre
freqüentes episódios de violência e para os constantes atos de discriminação e de
intolerância contra os cristãos e os membros de outras religiões” _ afirmou.
O
secretário das Relações com os Estados acrescentou que “o ódio não pode ter justificação
entre aqueles que definem Deus como ‘nosso Pai’. Esse é outro motivo pelo qual Deus
jamais pode ser excluído do horizonte da pessoa humana e da história”.
“O nome
de Deus é um nome de justiça. É um apelo urgente à paz” _ reiterou Dom Mamberti.
Em
seguida, o prelado manifestou a sua preocupação pela “deterioração” das condições
de confiança e de segurança, que sempre foram a base das relações e negociações entre
os Estados”.
O arcebispo precisou que as crises atuais na área OSCE “poderiam
levar inevitavelmente à deterioração da qualidade da vida e das expectativas legítimas
dos cidadãos de Estados soberanos”.
Ele advertiu que na Geórgia “a situação
permanece instável nas áreas de conflito e nas áreas circunstantes”, acrescentando
que o inverno “lançou novos desafios e que a Santa Sé está particularmente preocupada
com o retorno para suas casas dos deslocados dentro do país”.
Dom Mamberti
encorajou a Organização para a Segurança e a Cooperação Européia em seu empenho a
“eliminar os riscos ligados ao armazenamento de armas leves e de armas convencionais,
a sua luta contra a proliferação das armas de destruição em massa e, não por último,
as suas iniciativas na luta contra o terrorismo”.
O prelado exortou a OSCE
a “dar atenção à atual crise econômica e financeira que atinge a vida de todos, em
particular dos mais vulneráveis.
Dom Mamberti dedicou uma parte importante
do discurso à “chaga do tráfico de seres humanos”. Um fenômeno social “multidimensional”,
de pobreza, avidez, corrupção, injustiça e opressão que se manifesta com a exploração
sexual, o trabalho forçado, a escravidão e o recrutamento de menores para o conflito
armado _ ressaltou.
O arcebispo destacou que se trata de um fenômeno que tem
também causas econômicas, políticas e sócio-culturais. Por outro lado, ele observou
que “a globalização e o aumentado movimento de pessoas podem também tornar grupos
vulneráveis”, como mulheres e jovens, “presa fácil dos traficantes”, que não têm nenhum
respeito pela dignidade da pessoa humana.
O prelado falou também da “banalização
da sexualidade” nos meios de comunicação, que “leva ao declínio dos valores morais
e conduz à degradação de homens e mulheres e também ao abuso contra as crianças”.
Dom Mamberti garantiu o pleno apoio da Santa Sé “aos esforços da OSCE para eliminar
a chaga do tráfico de pessoas, em particular de mulheres e crianças, da prostituição
e do trabalho forçado”. (RL)