BENTO XVI: MEDIAÇÃO PONTIFÍCIA É SINAL DE QUE O DESÂNIMO SEMPRE DEVE SER VENCIDO
Cidade do Vaticano, 05 dez (RV) - Bento XVI enviou uma mensagem de felicitações
às presidentes de Argentina e Chile, recordando os 30 anos da mediação pontifícia
entre os dois países, que na época disputavam a soberania da zona austral.
Tendo
em vista essa data, no dia 29 de novembro o papa nomeou o arcebispo de São Paulo,
Cardeal Odilo Pedro Scherer, seu enviado extraordinário em missão especial para as
cerimônias desse aniversário, celebrado hoje em Monte Aymond, na Argentina, com a
presença das presidentes da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, e a do Chile,
Michelle Bachelet.
Em sua mensagem, Bento XVI recordou os primeiros dias de
1978, "quando os dirigentes dessas queridas nações chegaram a pensar que havia se
esgotado toda possibilidade de se chegar a um acordo que pusesse fim à controvérsia;
mais ainda, lhes parecia difícil acolher a sugestão que o pontífice fizera, em uma
mensagem na qual insistia em uma análise serena e responsável do problema".
João
Paulo II, disse Bento XVI, "impulsionado por sua especial sensibilidade para concretizar
a missão recebida pelo Príncipe da Paz, sentiu a necessidade de oferecer uma nova
e peculiar intervenção, de caráter mais pessoal".
Para o papa, a decisão de
João Paulo II de enviar o Cardeal Antonio Samoré deteve de modo providencial o confronto
bélico e levou à assinatura dos Acordos de Montevidéu, em 8 de janeiro de 1979.
"Este
êxito, que causou uma agradável e inesperada surpresa no mundo, foi um exemplo de
como, diante de qualquer controvérsia, sempre se deve vencer o desânimo, e nunca dar
por esgotado o caminho do diálogo paciente e da negociação conduzida com sabedoria
e prudência, para alcançar uma solução justa e digna", escreveu Bento XVI.
O
pontífice recordou que a história recente está repleta de várias intenções falidas
e de soluções drásticas que geraram gravíssimas conseqüências em várias partes do
mundo. A mediação pontifica de 30 anos atrás evitou que fossem cometidas atrocidades
contra os povos argentino e chileno e a realidade de hoje, marcada pela colaboração,
é uma testemunha exemplar e inegável dos frutos da paz.
No Monte Aymond, na
fronteira entre Chile e Argentina, foi celebrada a santa missa; abençoada a primeira
pedra de um “monumento comemorativo à paz entre os povos”; e foi lida a referida mensagem
do papa.
As presidentes Bachelet e Kirchner visitarão ainda a cidade chilena
de Punta Arenas, onde será inaugurada uma placa comemorativa dedicada a João Paulo
II.
A mensagem do papa “é uma mensagem de felicitações para reforçar as relações
de amizade e colaboração” entre os dois países, comentou o arcebispo de São Paulo,
Cardeal Scherer, pouco após a sua chegada a Punta Arenas, sul do Chile. (BF)