Zimbabwe: repressão de protestos contra a situação caótica no país, agravada por um
surto de cólera
(4/12/2008) Esta quarta feira a polícia de Harare, capital do Zimbabwe, usou bastões
para dispersar um protesto de médicos e de enfermeiros que se manifestavam contra
a situação caótica no país, entretanto agravada por um surto de cólera que já provocou
um mínimo de 565 mortos. A epidemia de cólera começou em Agosto e está a afectar
todo o país, sobretudo a parte leste. Só na capital, já morreram 177 pessoas. A Cruz
Vermelha estima que o número de infectados ultrapasse 12 mil a nível nacional. As
águas do rio Limpopo já estão contaminadas e o avanço da doença foi facilitado pelo
colapso das infraestruturas de saúde e sanitárias. Harare não tem água desde domingo
e na terça-feira houve pequenos motins de militares descontentes com o facto de só
ser possível levantar pequenas verbas nos bancos, que raramente chegam para comprar
mais do que um pão. O Zimbabwe enfrenta uma difícil situação económica, com falta
crónica de comida e hiperinflação que já ultrapassou duzentos milhões por cento, a
ritmo anual. O banco central introduziu uma nova nota de 100 milhões de dólares zimbabuenos. O
regime do Presidente Robert Mugabe atribui a profunda crise do Zimbabwe às sanções
da comunidade internacional, mas na prática o país está paralisado desde Março, quando
houve eleições cujos resultados não foram aceites pelo poder. Entretanto, prosseguem
as negociações infrutíferas entre o partido de Mugabe e a oposição, visando a formação
de um governo de unidade nacional. A comunidade internacional está a preparar ajuda
de emergência, mas há muitas dúvidas sobre a utilidade das verbas, pois os dignitários
do regime desviam o apoio e este nunca chega.