ARCEBISPO DE KIRKUK DIZ QUE INCENTIVAR ÊXODO DE CRISTÃOS É UM DANO PARA TODO O IRAQUE
Bagdá, 1º dez (RV) - É imperioso acolher os refugiados, mas ainda mais importante
é “eliminar as causas subjacentes à fuga” e permitir às pessoas que “vivam em paz
e harmonia em sua terra”. Esse é o sentido da mensagem lançada através da agência
de notícias AsiaNews pelo arcebispo de Kirkuk, no Iraque, Dom Louis Sako, sobre a
questão dos refugiados iraquianos.
Na última quinta-feira, dia 27 de novembro,
a União Européia disse estar pronta para acolher até 10 mil refugiados iraquianos,
a maior parte dos quais vive no exílio na Síria e Jordânia, em meio a privações e
sofrimentos.
Uma iniciativa dessa natureza é como “dizer aos cristãos que fujam,
que vá embora do Iraque. Hoje 10 mil, amanhã outros 10 mil até o dia em que acabar
a presença cristã no país _ disse Dom Sako. O prelado reitera que não se pode limitar
a “acolher os refugiados”, mas é preciso predispor “todas as iniciativas necessárias
para favorecer a sua permanência”.
O arcebispo iraquiano não julga a decisão
como totalmente negativa, observa que “existem casos extremos de pessoas que não podem
voltar para o país, como os membros do velho regime de Saddam”, mas nem por isso deve
ser favorecido um êxodo de massa que acabaria piorando a situação.
O prelado
pondera que “é justo acolher as pessoas em dificuldade, mas é igualmente justo afrontar
casos específicos e, sobretudo, trabalhar para a reconstrução de uma convivência civil
no país”.
Dom Sako denuncia a falta de uma linha comum dentro da comunidade
cristã e a ausência de uma liderança forte: “Os cristãos estão divididos internamente
_ observa ele _, alguns querem permanecer, outros preferem ir embora.
O arcebispo
de Kirkuk ressalta que a vontade de deixar o país é aumentada pela falta de uma liderança
política que oriente as pessoas rumo a um projeto concreto, sólido, que convença a
permanecer, mesmo em meio a sofrimentos e dificuldades.
O prelado iraquiano
observa que boa parte da comunidade muçulmana é contrária a esse êxodo de cristãos.
Ela espera dos irmãos cristãos “fidelidade, abertura e moralidade”, mas, sobretudo,
uma colaboração concreta “para a reconstrução de um futuro juntos”, porque considera
“os cristãos uma parte integrante do país”. (RL)