No Advento, tempo de esperança a Igreja é chamada a tornar-se esperança, para si mesma
e para o mundo.
(29/11/2008) O Advento é o tempo da esperança, e a esperança cristã é sempre uma
“esperança pascal”. “O grito de esperança do Advento exprime toda a nossa extrema
necessidade de salvação” – Foram estes os aspectos fundamentais sublinhados pelo Papa
na homilia da celebração das I Vésperas do Advento, neste sábado ao fim da tarde,
na basílica de São Pedro.
“O Advento é por excelência a estação espiritual
da esperança. Nele, a Igreja está chamada a tornar-se esperança, para si mesma e para
o mundo. Todo o organismo espiritual do Corpo místico assume, por assim dizer, a “cor”
da esperança”.
“Todo o povo de Deus se põe de novo a caminho atraído por este
mistério: que o nosso Deus é “o Deus que vem” e nos chama para irmos ao seu encontro”
– observou Bento XVI. Mas de que modo? – interrogou-se, logo respondendo:
“Antes
de mais naquela forma universal da esperança e da expectativa que é a oração, que
encontra a sua expressão eminente nos Salmos, palavras humanas nas quais o próprio
Deus colocou e coloca continuamente nos lábios e nos corações dos crentes a invocação
da sua vinda”.
Neste contexto, o Papa deteve-se depois a comentar brevemente
os Salmos 141 e 142, utilizados pela liturgia romana nas I Vésperas da I Semana. “Senhor,
a vós grito. Vinde em meu auxílio!”. Comentou Bento XVI:
“É o grito de uma
pessoa que se sente em grave perigo, mas é também o grito da Igreja no meio das múltiplas
insídias que a circundam, que ameaçam a sua santidade, aquela integridade irrepreensível
de que fala o apóstolo Paulo e que deve ser conservada para a vinda do Senhor. Nesta
invocação ressoa também o grito de todos os justos, de todos os que querem resistir
ao mal, às seduções de um bem-estar iníquo, de prazeres ofensivos da dignidade humana
e da condição dos pobres”.
O Papa observou ainda que “no grito do Corpo místico,
reconhecemos a própria voz da Cabeça: o Filho de Deus que tomou sobre si as nossas
provações e as nossas tentações para nos dar a graça da sua vitória”. Esta identificação
de Cristo com o salmista é especialmente evidente no segundo Salmo, 142, no qual
cada palavra faz pensar em Jesus na paixão, especialmente, na oração ao Pai, no Getsémani.
Rezando este Salmo, “a Igreja revive de cada vez a graça desta com-paixão, desta “vinda”
do Filho de Deus até ao mais fundo da angústia humana”.
“O grito de esperança
do Advento exprime então, desde o princípio e no modo mais forte, toda a gravidade
do nosso estado, a nossa extrema necessidade de salvação. Como quem diz: nós esperamos
o Senhor, não como quem aspira a uma bela decoração para um mundo já salvo, mas sim
como única via de libertação de um perigo mortal”.
Caminhando para o Natal,
não podemos esquecer “a dramaticidade da nossa existência pessoal e colectiva”. “Uma
esperança fiável, que não engana, não pode ser senão uma esperança pascal”
– concluiu o Papa.