SANTA SÉ: É PRECISO REVERTER CONSEQUÊNCIAS DA CRISE FINANCEIRA MUNDIAL
Cidade do Vaticano, 28 nov (RV) - Será inaugurada amanhã, dia 29, na capital
de Catar, Doha, a Conferência Internacional para o financiamento ao desenvolvimento.
A Caritas Internacional estará presente por meio de Michael Roy, da Caritas
Francesa. Para Roy, apesar de alguns progressos realizados para financiar o desenvolvimento
nos últimos seis anos, permanece o fato de que a cada três segundos nós permitimos
que uma criança morra devido a sua condição de extrema pobreza.
Além disso,
recorda a Caritas, a ajuda está diminuindo, enquanto as promessas para combater a
pobreza estão longe da meta fixada para 2015. "Houve carência de determinação política
e é necessário enfrentar esses fracassos em Doha", disse Michael Roy, que acrescentou:
"Em contrapartida, o mundo incrementou seus gastos de armamento, passando
de 900 bilhões de dólares em 2002 a 1 trilhão e 400 bilhões hoje. A distribuição
imediata de um trilhão de dólares a instituições financeiras para combater a crise
econômica demonstrou que se pode arrecadar dinheiro. Em Doha, os governos devem mandar
um sinal forte à comunidade internacional, afirmando que é importante acabar com a
pobreza. A ajuda não é beneficência, mas justiça. Os governos deverão usar a imaginação."
Os países doadores reiteraram em muitas ocasiões seu compromisso de destinar
7% do Produto Interno Bruto à ajuda. Todavia, somente cinco países em todo o mundo
alcançaram esta meta: Dinamarca, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega e Suécia.
A
reunião de Doha vai avaliar os progressos realizados desde a assinatura, em 2002,
do Consenso sobre o Financiamento ao Desenvolvimento, que se realizou em Monterrey,
no México.
Sobre este encontro, a Rádio Vaticano entrevistou o observador permanente
da Santa Sé na ONU, em Nova Iorque, Dom Celestino Migliore: "Há algum tempo, nos encontramos
no meio de uma crise financeira que poderá se tornar catastrófica se suas conseqüências
forem sentidas sobre outras crises: crise econômica, alimentar e energética. Parece
necessário um decisivo retorno do setor público nos mercados financeiros, e é preciso
recuperar algumas dimensões basilares da finança, isto é, a prevalência do trabalho
sobre o capital, das relações humanas sobre as transações comerciais e da ética sobre
o critério da eficiência". (BF)