2008-11-27 20:00:35

SANTA SÉ: DIANTE DE CRISE ALIMENTAR FAO APÓIE FAMÍLIA RURAL E AGRICULTURA NOS PAÍSES POBRES


Roma, 27 nov (RV) - A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em seu processo de reforma recentemente anunciado, deverá apoiar a “função impulsionadora da agricultura nos processos de desenvolvimento”, trabalhando ao lado de Estados e governos para afrontar a difusa crise alimentar. Essa é a visão da Santa Sé expressa por meio de seu observador permanente junto à agência da ONU, o arcebispo Renato Volante, em pronunciamento feito dias atrás na 35ª sessão da Conferência da FAO.

Num cenário mundial dominado, em muitas áreas pobres do planeta, pela insegurança alimentar, o mundo rural deve ser particularmente levado em consideração pela FAO e pelos países ricos. Seus programas de ajuda devem ser modulados de modo a “propor um ordenado equilíbrio” entre sistemas de produção inovadores e qualidade dos bens produzidos, garantindo assim tanto a segurança alimentar quanto a saúde das pessoas e dos ecossistemas.

É a “visão ideal” proposta por Dom Volante aos membros da FAO reunidos para a sessão especial da Conferência da agência, que à distância de 63 anos de sua fundação aprovou dias atrás um plano de reforma de mais de 42 milhões de dólares.

“Reformar a Fao significa hoje partilhar a idéia de que a luta contra a fome é uma questão determinada por múltiplos fatores” _ observou o representante vaticano. Todavia _ acrescentou _, as estratégias adotadas muitas vezes têm o defeito da falta de uma “visão unitária” que “coloque no centro as exigências da pessoa”, mas afrontando os problemas de modo setorial.

Desse modo, objetou o arcebispo Volante, se acaba penalizando justamente o setor agrícola naquelas áreas onde “mais se agravam a pobreza, o subdesenvolvimento e a desnutrição, bem como a degradação ambiental” _ enfatizou.

Ademais _ precisou o prelado _, mesmo “conhecendo com grande antecedência os dados da produção e da disponibilidade nutricional das várias áreas” do planeta, aumentou o número de pessoas que padecem a fome.

E isso, além de evidenciar em alguns posicionamentos a vontade de defender somente interresses de parte _ quando não evidencia até mesmo posicionamentos de “indiferença” _, mostra governos, estruturas, agentes internacionais” quase numa atitude de resignação “diante da fome e da desnutrição” _ denunciou.

Dom Voltante exortou as autoridades em todos os níveis à co-responsabilidade e à colaboração com a FAO, a fim de que esta “possa continuar dispondo de recursos”, e lembrou à agência a sua razão de ser, ou seja, uma “organização de pessoas a serviço de outras pessoas e de seus direitos fundamentais”.

O arcebispo destacou as “duas principais questões” que _ disse ele _ “representam o ‘novo’ que irrompe” no mundo rural: a proteção dos ecossistemas agrícolas das insídias das mudanças climáticas _ como a desertificação ou as enchentes _ e uma “séria reflexão” sobre o papel crescente das “novas técnicas do trabalho agrícola”.

A delegação da Santa Sé tem a “firme convicção de que a estrutura da FAO e os seus respectivos compromissos” devem “ressaltar a função impulsionadora da agricultura nos processos de desenvolvimento, promovendo, em primeiro lugar, não a simples capacidade administrativa, mas critérios de gestão ponderados e iniciativas realmente funcionais às necessidades” _ reiterou o prelado.

Tudo isso em prol da “família rural”, que do trabalho agrícola obtém “alimento, trabalho e renda”, e que, sobretudo, deve poder ser considerada como uma protagonista daquilo que lhe diz respeito, ou seja, “como sujeito econômico capaz de manifestar uma direta participação nos processos de decisão e de escolhas produtivas” _ concluiu o observador permanente da Santa Sé na FAO. (RL)







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