O conflito do Kivu Norte: refugiados sem protecção
(26/11/2008) A ONU começou a transferir para áreas mais seguras 30 mil refugiados
que se encontram em campos vulneráveis, perto de Kibati, no Leste do Congo, e que
foram alvo de saques de forças governamentais congolesas. Nestes ataques violentos
morreram civis sob protecção das Nações Unidas. Há 200 mil pessoas dispersas pelo
mato, na zona de guerra em que se transformou o Kivu Norte, onde forças rebeldes,
do Governo congolês, e as enigmáticas milícias mai-mai competem pela prática das acções
mais bárbaras. A guerra na República Democrática do Congo (RDC) acentuou-se em
Agosto e agravou-se no mês passado. Além de número indeterminado de vítimas, o conflito
provocou a fuga em massa de populações; segundo a ONU, no mínimo, um quarto de milhão
de pessoas. O enviado especial da ONU, o antigo presidente nigeriano Olusegun
Obasanjo, viaja este fim-de-semana para a RDC, onde tentará conduzir negociações entre
o Governo de Joseph Kabila e os rebeldes do general tutsi Laurent Nkunda, que têm
apoio do Ruanda. Nkunda controla a zona a norte da cidade de Goma e quer a sua milícia,
o Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), integrada no exército congolês. A
ONU não esconde a sua preocupação pela situação e o secretário--geral, Ban Ki-moon,
apresentou um relatório, em Nova Iorque, onde as forças de Nkunda são acusadas de
"execuções arbitrárias e assassínio em massa". Ao exército congolês são atribuídas
"numerosas violações dos direitos do homem". A ONU tem 17 mil soldados na RDC, mas
já foram aprovados mais três mil.