2008-11-25 13:09:50

Unir coração e razão, beleza e verdade: exortação de Bento XVI aos membros das Academias Pontifícias


(25/11/2008) “Universalidade da beleza: estética e ética em confronto” foi o tema abordado, nesta terça-feira, em Roma, numa sessão pública das Academias Pontifícias, sob a condução do arcebispo D. Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura. Numa mensagem dirigida aos participantes neste encontro que congrega os membros das sete Academias Pontifícias existentes, Bento XVI congratula-se com o tema escolhido, que bem se presta a “aprofundar a relação, ou melhor, o diálogo entre estética e ética, entre beleza e agir humano, diálogo tanto mais necessário quanto mais é por vezes esquecido ou evitado”.
O Papa sublinhou a “dramática cisão” que por vezes emerge, não só no debate cultural e artístico, mas até mesmo na vida quotidiana, entre as duas dimensões: “a da busca da beleza, redutivamente entendida como forma exterior, aparência, e a da verdade e bondade das acções que se realizam com uma certa finalidade”.
Ora – advertiu Bento XVI – “uma busca da beleza que fosse alheia à busca humana da verdade e da bondade transformar-se-ia, como infelizmente acontece, em mero esteticismo, e – sobretudo para os jovens – num itinerário que desemboca no efémero, num aparecer banal e superficial, senão mesmo numa fuga para paraísos artificiais que escondem o vazio e a inconsistência interior”. “Uma razão que pretendesse desembaraçar-se da beleza ficaria truncada, como também uma beleza privada de razão reduzir-se-ia a uma máscara vazia e ilusória”. O Papa recordou a observação feita em Agosto passado ao clero de Bressanone: na relação entre beleza e razão, há que ter presente uma perspectiva muito ampliada da razão, na qual se encontram o coração e a razão, na qual se tocam a beleza e a verdade”.

“O nosso anúncio do Evangelho deve ser advertido na sua beleza e novidade e para tal é necessário saber comunicar com a linguagem das imagens e dos símbolos. A nossa missão quotidiana deve tornar-se transparência eloquente da beleza do amor de Deus, para atingir eficazmente os nossos contemporâneos, muitas vezes distraídos e absorvidos por um clima cultural nem sempre propenso a acolher uma beleza em plena harmonia com a verdade e a bondade, mas contudo sempre desejosos e nostálgicos de uma autêntica beleza, não superficial e efémera”.

A concluir a sua mensagem às Academias Pontifícias, Bento XVI recomendou aos participantes nesta sessão pública a leitura da “Carta aos Artistas” publicada há dez anos por João Paulo II, encorajando a reflectir sobre o diálogo íntimo e fecundo entre a Sagrada Escritura e as diferentes formas artísticas. Retomá-la de novo daria ocasião a uma “renovada reflexão sobre a arte, sobre a criatividade dos artistas e sobre o fecundo ainda que problemático diálogo entre estes e a fé cristã”.








All the contents on this site are copyrighted ©.