NOTA DA SANTA SÉ ANALISA CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL
Cidade do Vaticano, 24 nov (RV) - Terá início no próximo sábado, dia 29, em
Doha, capital de Catar, a Conferência internacional sobre o financiamento ao desenvolvimento.
O encontro de Catar se concluirá com um novo documento (Doha Draft Outcome
Document) para regular a colaboração internacional. Em vista deste acordo, o Pontifício
Conselho de Justiça e de Paz elaborou uma nota para oferecer sua reflexão sobre alguns
temas. O documento menciona os "principais aspectos éticos das relações entre finança
e desenvolvimento e encoraja os governos e todos os outros agentes econômicos a encontrar
soluções duradouras e solidárias".
O ponto, imprescindível, do qual parte
a análise do organismo vaticano é a crise financeira que nesses últimos meses literalmente
assolou os mercados e que começa a fazer sentir o seu peso sobre a economia real.
Uma crise que ameaça as exíguas metas alcançadas nesses anos em termos de ajuda ao
desenvolvimento.
Os países mais pobres são os primeiro a sentir os efeitos
da crise global, apesar de serem os últimos envolvidos nas dinâmicas políticas que
deveriam conduzir a uma solução. A prova disso é o recente G20 realizado em Washington,
no qual as nações mais fracas foram excluídas do plano estabelecido para relançar
os mercados.
Como releva a nota do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz,
os muitos países que não participaram do encontro de Washington temem que a Conferência
de Doha tenha pouco impacto político. Seria uma pena, porque a comunidade internacional
perderia uma ocasião para discutir questões de suma importância para o bem da humanidade.
E o financiamento ao desenvolvimento – como destaca a nota vaticana – é uma delas.
Entre as questões citadas pelo Pontifício Conselho, fala-se da necessidade
de um novo pacto financeiro internacional. "Estamos diante da necessidade de uma simples
revisão ou de instituições econômicas e financeiras completamente novas?", pergunta-se
a nota. Também na hora de reformular as políticas e as instituições internacionais
é justo que os países "grandes" não fechem os acordos sozinhos, mas dêem voz a quem,
até agora, permaneceu excluído.
Na reunião de Doha, que se conclui em 2 de
dezembro, será analisado o Consenso de Monterrey, aprovado em 2002. Pelo menos nas
intenções, o Consenso deveria constituir um momento de união entre o Norte e o Sul
do mundo, marcando também uma nova era de cooperação entre as Nações Unidas, o Banco
Mundial e o Fundo Monetário Internacional. (BF)