Papa evocou os 75 anos da "grande carestia" que provocou milhões de mortos na Ucrânia
e noutras regiões da URSS e invocou da intercessão de Maria que as nações progridam
na via da reconciliação e do respeito recíproco
(23/11/2008) Neste domingo ao meio-dia, depois da recitação do Angelus, dirigindo-se
a um grupo de peregrinos ucranianos, na respectiva língua, Bento XVI evocou os 75
anos da "grande carestia" que causou milhões de mortos na Ucrânia e noutras regiões
da União Soviética, durante o regime comunista. Assegurando a sua oração por todas
as vítimas inocentes daquela terrível tragédia, o Papa exprimiu fervorosos votos de
que "nunca mais nenhum ordenamento político venha a negar os direitos da pessoa humana
e a sua liberdade e dignidade". Finalmente, invocou a Mãe de Deus "para que ajude
as Nações a avançar na via da reconciliação e a construir o presente e o futuro no
respeito recíproco e na busca sincera da paz". Na alocução antes do Angelus,
recordando que se celebra neste último domingo do ano litúrgico a solenidade de Nosso
Senhor Jesus Cristo Rei do universo, Bento XVI fez notar que Jesus recusou o título
de Rei quando este era entendido em sentido político, mas “durante a sua paixão reivindicou,
diante de Pilatos, uma singular realeza, depois de – pouco antes – ter declarado que
o seu reino não era deste mundo: “De facto a realeza de Cristo é revelação e actuação
da realeza de Deus Pai, que tudo governa com amor e justiça. O Pai confiou ao Filho
a missão de dar aos homens a vida eterna amando-os até ao supremo sacrifício, e ao
mesmo tempo conferiu-lhe o poder de os julgar, pois se fez Filho do homem, em tudo
semelhante a nós”. Referindo depois o Evangelho do dia – a parábola do juízo
final, Bento XVI observou que “as imagens são simples, a linguagem é popular, mas
a mensagem é extremamente importante: é a verdade sobre o nosso destino último e sobre
o critério com o qual seremos avaliados. “Tive fome e destes-me de comer, tive sede
e destes-me de beber, era estrangeiro e acolhestes-me, e assim por diante”. Uma página
universalmente conhecida… “Esta página faz parte da nossa civilização. Marcou
a história dos povos de cultura cristã: a hierarquia dos valores, as instituições,
as múltiplas obras sociais e de assistência. De facto, o reino de Cristo não é deste
mundo, mas conduz ao seu cumprimento todo o bem que, graças a Deus, existe no homem
e na história. Se pomos em prática o amor pelo nosso próximo, segundo a mensagem
evangélica, então damos espaço à senhoria de Deus, e o seu reino realiza-se no meio
de nós. Se, pelo contrário, cada um pensa só nos próprios interesses, o mundo vai
inevitavelmente em ruína”. “O reino de Deus não é uma questão de honras e de aparências,
mas sim, como escreve São Paulo, “justiça, paz e alegria no Espírito Santo” – sublinhou
o Papa. “O que o Senhor tem a peito é o nosso bem: que cada um tenha a vida, e que
especialmente os seus filhos mais pequenos possam ter acesso ao banquete por ele preparado
para todos”: “No seu Reino eterno Deus acolhe todos os que se esforçam, dia após dia,
por pôr em prática a sua palavra. Depois da recitação do Angelus, Bento XVI recordou
ainda que nesta segunda-feira, em Nagasaki, no Japão, terá lugar a beatificação de
188 mártires, todos japoneses, homens e mulheres, mortos na primeira metade do século
XVII. "Nesta circunstância tão significativa para a comunidade católica e para todo
o país do Sol Levante", o Papa assegurou a sua "proximidade espiritual". Bento XVI
referiu também outra beatificação, no próximo sábado, em Cuba: a do Irmão José Olallo
Valdés, da Ordem Hospitaleira de São João de Deus. E confiou à sua celeste protecção
"o povo cubano, especialmente os doentes e os trabalhadores do mundo da saúde".