IGREJA CATÓLICA: DIÁLOGO E PASTORAL JUNTO AOS IMIGRANTES
Bancoc, 21 nov (RV) - Foi publicado ontem o documento final do primeiro Congresso
asiático de pastoral para migrantes e itinerantes. O encontro se realizou recentemente
na capital tailandesa e teve a participação do presidente e do secretário do Pontifício
Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, cardeal Renato Martino e do
arcebispo Agostino Marchetto.
O documento aponta que para aperfeiçoar a pastoral
junto aos imigrantes e refugiados na Ásia, é preciso desenvolver três níveis de diálogo:
com os imigrantes, com os pobres e com as culturas e religiões.
A cada ano,
cerca de 200 milhões percorrem as rotas da imigração: adultos e mulheres em busca
de trabalho, jovens que aspiram estudos de melhor qualidade ou simplesmente pessoas
que fogem de situações de vários tipos de violência. Para a Igreja, esta massa humana
é uma ‘nova área profética’ à qual deseja reservar solidariedade e atenção pastoral.
A Ásia é uma das regiões do mundo onde as conseqüências degradantes dos movimentos
migratórios são mais evidentes. O documento indica cinco elementos preocupantes a
serem avaliados: a defesa da unidade e do bem- estar familiar, a promoção de alternativas
para as migrações forçadas; os aspectos positivos e negativos das migrações por motivos
de trabalho, a gestão dos impactos do desenvolvimento das migrações, e enfim, o drama
da luta com o tráfico de seres humanos e a defesa de suas vítimas. Neste último caso,
é preciso ainda considerar as ‘novas escravidões’, que envolvem milhões de migrantes
e refugiados e suas famílias: crianças-soldado, vítimas da prostituição, pessoas obrigadas
a trabalhos forçados.
Para limitar o impacto deste quadro de abusos, devem
ser implementados ‘regimes de proteção aos direitos dos sobreviventes do tráfico’,
ou seja, assistência psíquico-social, ajuda legal e reintegração, principalmente nos
casos em que as vítimas colaboram na identificação dos traficantes.
A Igreja,
por sua vez, tem o dever de abrir novos caminhos de esperança para os que sofrem e
se desesperam. O fato de que os estrangeiros sejam continuamente ameaçados e vivam
em situações arriscadas, aumenta ainda mais a responsabilidade da Igreja em promover
a cultura do acolhimento.
A Igreja deve se empenhar também em interpretar
as esperanças dos migrantes com uma ‘visão teológica’, descobrindo ‘novas respostas
nos campos da atenção pastoral’.
Mais uma vez, segundo o magistério vaticano
sobre o tema, o documento final recorda a relação entre a Igreja de origem e a Igreja
de destino dos imigrantes; solicita a instauração de um ministério familiar para
os migrantes em ambas as Igrejas, a fim de fornecer uma resposta eficaz às necessidades
daqueles que optaram ou foram obrigados a imigrar. (CM)