UNICEF DIZ QUE DIREITOS DAS CRIANÇAS SÃO VIOLADOS EM TODO O MUNDO
Genebra, 20 nov (RV) - Os direitos das crianças são maciçamente violados, em
todo o mundo, em numerosos aspectos, afirmou nesta quinta-feira, o Fundo das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF) por ocasião do Dia Universal da Criança.
As
crianças são alvo de violência, exploração, abusos, falta de saúde, doenças como a
AIDS, deslocamentos por conflitos armados, ausência de educação e muitas outras formas
de violação de seus direitos, apesar de a Convenção dos Direitos da Criança existir
desde 1989.
Bastam alguns exemplos, para nos darmos conta de tais violações:
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Cerca de 51 milhões de nascimentos ficam sem registro a cada ano nos países em desenvolvimento.
Além disso, cerca de 218 milhões de crianças, de 5 a 14 anos, estão envolvidos em
trabalho infantil.
_ Nos países em desenvolvimento, mais de 60 milhões de mulheres,
de 20 a 24 anos, foram casadas antes dos 18 anos; 31 milhões delas vivem no sul da
Ásia.
_ Calcula-se que 1,2 milhão de crianças são vítimas do tráfico de menores
a cada ano.
_ Mais de 300 mil crianças-soldado, algumas de apenas 8 anos de
idade, são exploradas em conflitos armados em mais de 30 países. Além disso, calcula-se
que mais de dois milhões de crianças morreram, desde 1990, como resultado direto de
conflitos armados.
_ Mais de um milhão de crianças, no mundo todo, são detidas
pelas forças de segurança.
_ Aproximadamente 143 milhões de crianças são órfãos
de um ou dos dois progenitores.
_ Calcula-se que cerca de 70 milhões de mulheres
e meninas que estão vivas atualmente, foram submetidas a algum tipo de mutilação genital.
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Existe a suspeita de que cerca de dois milhões de crianças são exploradas através
da prostituição e da pornografia.
_ Quarenta milhões de crianças com menos
de 15 anos sofrem abusos ou negligências, no que se refere aos cuidados sanitários
e sociais.
Para agravar a situação, a Organização Mundial contra a Tortura
(OMCT) afirmou, nesta quinta-feira, que o princípio da proibição total da prática
da tortura foi prejudicado nos últimos anos, por relativismos políticos, econômicos
e sociais, o que não deixou à margem as crianças.
"As crianças não se livraram
das graves violações dos direitos humanos provocadas pela chamada guerra contra o
terrorismo" _ disse o UNICEF, citando como exemplo que, desde 2002, "muitos jovens
com menos de 18 anos foram capturados e detidos em centros de detenção dos EUA no
Afeganistão, no Iraque e em Guantánamo".
Na área econômica, a busca de grandes
lucros deixou as crianças expostas a graves riscos como a prostituição e a pornografia,
e em relação ao "relativismo cultural", as crianças e, de modo especial as meninas,
são vítimas de costumes como a mutilação genital ou os crimes de honra, informou a
OMCT. (AF)
Comentário do Pe. Cesar Augusto dos Santos S.J.
Ultimamente
tem sido mais freqüente, a mídia nos comunicar que menores foram e continuam sendo
vítimas do egoísmo dos adultos. Aqueles que deveriam protegê-los e facilitar-lhes
a transformação em homens e mulheres sadios, física e psicologicamente, não o fazem.
Ao contrário, infelizmente o que chega até nós são as informações de que são os responsáveis
por eles que violam seus direitos, todos os seus direitos. Quando, no tempo litúrgico
do Natal, refletimos sobre a passagem da morte dos inocentes, ficamos revoltados e
imediatamente condenamos o rei Herodes. Mas a história continua e até com agravantes
impensáveis. Muitas vezes os relatos são tais que transformam Herodes em carrasco
simpático, se é possível haver carrasco com esse adjetivo. Se condenamos o faraó e
Herodes por terem determinado a morte de crianças só para manterem-se no trono, o
que dizer de homens e mulheres que, abusando de seu poder, destroem, por puro egoísmo,
a vida de crianças e jovens, obrigando-os a servirem como militares e seguranças de
ideologias políticas e do crime organizado, além da costumeira perversão de transformá-los
em objetos de lucro e de prazer. Como cristãos terminemos nossa reflexão perguntando
ao Mestre sobre seu posicionamento a esse respeito. Ele nos responde: "Caso alguém
escandalize um desses pequeninos que crêem em mim, melhor seria que lhe dependurassem
ao pescoço uma pesada mó e fosse precipitado nas profundezas do mar."