SANTA SÉ: "NO MUNDO, HOJE, É MAIS FÁCIL SE ARMAR DO QUE SE ALIMENTAR"
Nova York, 20 nov (RV) - Ontem, o núncio apostólico da Santa Sé nas Nações
Unidas, dom Celestino Migliore, se pronunciou na sede da Organização, em Nova York,
no âmbito de um debate sobre a manutenção da paz e da segurança, o reforço da segurança
coletiva e o desarmamento.
O arcebispo iniciou seu discurso pedindo mecanismos
de controle mais eficazes para reduzir o tráfico de armas. Recentemente, a Assembléia
Geral da ONU adotou um acordo que representou o primeiro passo para regularizar e
estabelecer vínculos globais para o comércio de armas. “A Santa Sé – garantiu dom
Celestino Migliore – apóia e encoraja este compromisso e está pronta a oferecer sua
contribuição”.
O observador permanente da Santa Sé citou as palavras de um
representante africano, pouco tempo atrás: “Para cada africano, existem 7 projéteis
ilícitos e 3 armas apontadas contra”. “Esta situação é escandalosa, inadmissível,
especialmente hoje, quando sabemos que uma parte da população do mundo vive ainda
abaixo da linha da pobreza” – disse o arcebispo em seu pronunciamento.
A
ausência de regras e empenhos formais para a redução de arsenais gerou um mundo no
qual é mais fácil obter armas do que comida, proteção e educação. “Se dedicássemos
apenas uma parte do 1,3 trilhão de dólares destinados a armas para promover o crescimento
social, econômico e espiritual dos povos, criaríamos não somente um mundo melhor e
mais seguro, mas promoveríamos um renovado respeito pela vida e pelo próximo”.
Através
do núncio, a delegação da Santa Sé dá voz às centenas de milhares de pessoas da República
Democrática do Congo que clamam por justiça, paz, segurança e a chance de viver simples
e dignamente em sua própria terra. A Santa Sé condena com firmeza os massacres que
se realizam sob os olhos da comunidade internacional e pede todos os esforços possíveis
para deter esta tragédia humana.
O Protocolo de prevenção, controle e redução
de armas pequenas e leves, assinado em Nairóbi, em 2006, é uma etapa importante para
estabelecer padrões de proteção da população civil nos Grandes Lagos, no Chifre da
África e países fronteiriços, e a Santa Sé apela por sua implementação, com urgência.
Concluindo,
a delegação da Santa Sé defende a necessidade de desenvolver um novo consenso para
alcançar as metas de segurança e respeito dos direitos humanos no mundo. Maiores esforços,
disposição política, transparência, flexibilidade e franqueza são necessários. Mas,
para iniciar este processo, a condição primária é que as nações cumpram os acordos
assinados e ratificados – disse dom Celestino Migliore.