2008-11-16 11:11:44

A Europa vive uma crise espiritual profunda


(16/11/2008) «A actual crise financeira manifesta uma profunda crise espiritual e um conjunto equivocado de valores»: afirmam os bispos da Europa concluindo sexta-feira a Assembleia Plenária do Comité de Representantes das Conferências Episcopais da Europa (COMECE), realizada nestes dias em Bruxelas.
A crise actual s reflecte-se na Europa numa tripla vertente, segundo a análise realizada nestes dias pelos prelados: em primeiro lugar, «o resultado do referendum irlandês, que suspendeu o Tratado de Lisboa e a reforma institucional da UE»; em segundo lugar, «a crise geopolítica surgida do conflito do Cáucaso»; e em terceiro lugar, «a crise financeira e económica ».
Centrando-se nesta última, os bispos assinalam com pesar que «o sentido e o valor do trabalho humano foram retirados pela luta generalizada pelo lucro».
O presidente da COMECE, D. Adrianus Van Luyn, bispo de Roterdão, advertiu que não se subestima a crise, porque o que se questiona é o modelo de sociedade ocidental.
«Quem considerar que a causa da crise financeira reside só numa falta de transparência e de responsabilidade legal, talvez não perceba o facto de que é o nosso modelo social que está a ser posto em dúvida», acrescentou.
«Um modelo económico que está baseado no consumo continuado e ilimitado de recursos limitados só pode acabar mal», acrescentou.
Neste sentido, os bispos acreditam que o debate sobre a mudança climática «oferece a oportunidade de questionar o estilo de vida da sociedade ocidental», já que « se interroga acerca da sobrevivência de uma grande parte da humanidade».
É necessário, portanto, «persuadir não só as mentes, mas também os corações dos cidadãos, e convencê-los de que se distanciem do modo de viver predominante nos nossos países, muito centrado no consumo».
A importância do domingo
Outro dos temas tratados, dentro da preocupação geral pelas repercussões da crise, foi o respeito do domingo como dia festivo, questão que está prevista no debate do Parlamento Europeu do próximo mês de Dezembro.
Os bispos europeus pedem que se respeite o descanso dominical «como um dos fundamentos da ordem social europeia », assim como «uma forma de equilibrar a vida familiar e o trabalho», frente a recentes legislações europeias que ameaçam o domingo por questões políticas ou simplesmente consumistas.
Neste sentido, apelam à «responsabilidade dos membros do Parlamento» para que incluam a protecção do domingo na directriz sobre o horário de trabalho, especialmente neste momento de crise.
Por último, os prelados pedem à Europa que se envolva mais na defesa da minoria cristã do Iraque, e lamentam que a Europa «não se esforce suficientemente » para exigir de outros países o respeito pela liberdade religiosa.








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