2008-11-14 12:21:33

EX-PRESIDENTE SALVADORENHO CIPRIANI DENUNCIADO PELA MORTE DE SEIS JESUÍTAS


San Salvador, 14 nov (RV) - Duas denúncias contra o ex-presidente Alfredo Cristiani e 14 oficiais do exército em serviço durante o seu mandato (1989-1994) foram apresentadas ontem diante da “Audiência Nacional” de Madri, máximo tribunal penal espanhol, pelo assassinato em 1989 de seis padres jesuítas, de uma colaboradora e de sua filha adolescente.

A Associação Pró-Direitos Humanos da Espanha e o ‘Center for Justice & Accountability’, de São Francisco agiram com base na nacionalidade espanhola de cinco das vítimas e invocando o princípio da jurisdição universal em matéria de direitos humanos, já reconhecido no passado pela alta corte de Madri para julgar crimes perpetrados fora dos confins espanhóis.

O assassinato dos seis jesuítas, ocorrido quando em São Salvador estava em andamento a guerra civil (1980-’92), é uma ferida ainda aberta na história recente do país centro-americano; um episódio que permaneceu impune, apesar dos repetidos pedidos de justiça por parte dos coirmãos das vítimas, que segundo as denúncias apresentadas ontem, o ex-presidente Cristiani teria dificultado em benefício dos militares do Batalhão Atlacatl’ – uma unidade especificamente treinada nos Estados Unidos para a luta contra a guerrilha – responsáveis pela operação.

Na manhã do dia 16 de novembro de 1989 os soldados entraram na Universidade Centro-Americana (UCA) de São Salvador e mataram a sangue frio os religiosos espanhóis Ignacio Ellacuría, então reitor do ateneu, Ignacio Martín Baro, vice-reitor, Segundo Montés, Juan Ramon Moreno, Amando López e o salvadorenho Joaquín Lopez y López, além da cozinheira do ateneu Elba Julia Ramos e a sua filha de 15 anos Celina Mariceth Ramos.

Nove soldados, entre os quais o diretor da escola militar da capital, o coronel Guillermo Alfredo Benavides, foram processados em 1991 por responsabilidade no massacre; entre esses Benavides e o tenente Yusshy Mendoza foram condenados a 30 anos de prisão, mas foram beneficiados dois anos depois com a anistia proclamada em 1993 pela Aliança Republicana Nacionalista (Arena), então no governo, no âmbito dos acordos de paz que em 1991 colocaram fim a 12 anos de conflito. (SP)







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