2008-11-13 15:46:31

Crise financeira e religiosa na plenária do Outono da COMECE


(13/11/2008) A crise constitucional que ocorreu após o referendo Irlandês em Junho, o conflito entre a Rússia e a Geórgia, a “dramática crise financeira”, cujas consequências económicas, socais e políticas “apenas podemos antecipar algumas considerações”, foram referidas como “sérias preocupações”, pelo Presidente da Comissão das Conferência Episcopais da União Europeia – COMECE, D. Adrianus Van Luyn.
No início da Assembleia plenária do Outono, em Bruxelas, o Presidente antecipou alguns temas que estarão em reflexão no encontro que definiu como “Desafios actuais para a Europa”. Na agenda dos bispos consta ainda o dossier sobre as alterações climáticas e o estilo de vida dos cristãos, a directiva do parlamento Europeu sobre o trabalho ao Domingo, os refugiados cristãos no mundo e as parecerias entre a UE e a Rússia após o conflito na Geórgia.
As palavras de abertura do Presidente da COMECE incidiram na crise financeira. “Uma crise que é acima de tudo, uma crise de confiança. “Como podemos confiar nos fundamentos da economia e do sistema social que foi tão dramaticamente interrompido?”, questionou, indicando a necessidade de “melhores regras e leis” e melhores especialistas, tanto a nível europeu como mundial, “para prevenir que a situação dos sistemas financeiros, globalmente ligados, se agrave mais”.
O Presidente da COMECE abordou igualmente o encontro dos chefes de Estado e do Governo do G20 – regulação fiscal, modernização do Fundo Monetário Internacional – pedindo uma análise profunda. “É o nosso modelo social que está em questão”. As causas profundas da crise financeira assentam num jogo desorganizado de valores”, indicou, acrescentando que “a crise financeira expôs uma crise espiritual e uma hierarquia de valores distorcida”.
O Presidente considerou ainda que o sentido e o valor do trabalho humano “foi posto de lado em detrimento da intensa luta pelo lucro” e “as pessoas e o planeta estão, em última análise, apenas à procura do que é funcional”.
O encontro do G20, em Nova Iorque “não irá dar nenhuma resposta às questões, pois ultrapassam o domínio da política”. “Mas precisamos de respostas, as respostas são aguardadas e os media esperam respostas de quem consideram ser a autoridade”.
O Presidente da COMECE reconheceu que “não é apenas o sistema financeiro que «está no vermelho», mas também o nosso equilíbrio religioso está a sair do controlo quando o mundo é apanhado numa profunda crise social e económica”. Assim, a crise financeira “deveria levar-nos a questionarmos porque é que não há mais pessoas a reconhecer na mensagem cristã a chave para uma vida mais moderada, mais feliz?”, questionou. “O que poderemos fazer para tornar a nossa fé mais compreensível e de forma mais credível?”.
Esta será a questão a analisar nos próximos dias do encontro entre os Bispos da União Europeia.








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