CARD. BARRAGÁN: "IGREJA DEVE NÃO SÓ ASSISTIR, MAS FORMAR AS CRIANÇAS DOENTES NA FÉ "

Cidade do Vaticano, 11 nov (RV) - Foi realizada esta manhã, na Sala de Imprensa da Santa Sé, a coletiva de imprensa para a apresentação da XXIII Conferência Internacional promovida pelo Pontifício Conselho para a Pastoral da Saúde. O tema desta edição será: "A pastoral no cuidado das crianças doentes". A Conferência terá início quinta-feira, no Vaticano.

O tema da pastoral na assistência aos pequenos enfermos foi escolhido pessoalmente pelo papa. Na coletiva de imprensa, o presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes da Saúde, cardeal Javier Lozano Barragán, apresentou números que demonstram a dura realidade de muitas crianças:

Os conflitos armados provocaram na última década a morte de mais de dois milhões de crianças. Mais de seis milhões ficaram inválidas e, recentemente, foram recrutadas ao menos 300 mil crianças-soldado. Outro flagelo é a pobreza, que permanece a principal causa das doenças infantis: em um mundo onde um bilhão e 200 milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia, mais de 4 milhões e 300 mil crianças morreram de AIDS.

Diante desse drama, a Igreja tem a responsabilidade não somente de assistir, mas também de formar os menores na fé. Por isso, afirmou o cardeal Barragán, o objetivo é tornar mais eficaz a ação de missionários, congregações e dioceses:

"Desejamos de modo vivaz que a nossa Conferência internacional esboce um futuro repleto de esperança para muitas crianças. Curando a criança doente, salvamos a sua vida e a tornamos capaz de edificar um mundo melhor, repleto das maravilhas que o Senhor nos doa."

Participarão da conferência 41 especialistas do mundo inteiro. Eles vão trabalhar com base nos critérios da "situação, pensamento e ação".

Na primeira parte, serão analisadas a realidade e a origem das doenças infantis, as principais doenças que atingem as crianças, para depois avaliar se a globalização constitui uma oportunidade ou um risco para os doentes.

Na reflexão, se examinará o que as Sagradas Escrituras e os Padres da Igreja dizem no tratamento das crianças e o testemunho dos santos que consagraram suas vidas no cuidado da infância doente. A reflexão vai se concluir com um diálogo sobre as grandes religiões: Judaísmo, Islamismo, Hinduísmo, Budismo.

A terceira parte, dedicada à ação, vai se interrogar sobre que tipo de catequese e formação na fé são necessárias para fazer frente a esta grave problemática, como proceder em nível sacramental com essas crianças e como aplicar as ciências psicológicas em seu tratamento.

Na coletiva de imprensa, o cardeal voltou a falar das células-tronco embrionárias. Respondendo a um jornalista que pedia um comentário sobre as últimas declarações do recém-eleito presidente americano Barack Obama a propósito do financiamento para a pesquisa com células-tronco, o cardeal Barragán recordou que a Igreja é contrária à utilização de células embrionárias. Ao invés, é favorável à pesquisa com células adultas.

"Certa propaganda jornalística apresentou as células-tronco embrionárias como a solução de todos os males. Na realidade, hoje se demonstrou que nunca foi feita uma cura com elas. A Igreja, ao invés, reitera o conceito que não se pode usar o homem como meio, inclusive na sua fase de embrião. O homem é sempre fim." (BF)