Montevidéu, 07 nov (RV) - O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, encontrou-se
ontem com os bispos paraguaios reunidos na sua 183° Assembléia Plenária. O presidente
estava acompanhado pelo seu Ministro do Interior Rafael Filizola e pelo Ministro da
Economia Dinisio Borda. Lugo lustrou aos bispos os seus planos de governo no campo
social, com particular referência à reforma agrária e aos conflitos sociais em andamento.
Sobre
essa última questão ele falou sobre as diversas ações e planos em curso e ao mesmo
tempo sobre a recuperação de terras compradas ilegalmente. Por sua vez a Igreja reafirmou
ao Governo a necessidade de continuar a política do diálogo com os diversos setores
do país.
Momentos antes do encontro com o presidente Lugo, os bispos paraguaios
haviam publicado um breve comunicado sobre a situação social e falando do conflito
entre o Estado e os camponeses; os bispos afirmam que “é legítimo manifestar, mas
no âmbito do respeito aos direitos dos outros e de maneira pacífica”.
Por sua
vez o episcopado paraguaio se declara amargurado pelos conflitos entre as forças de
polícia e os camponeses que se verificaram na manhã da última quarta-feira, dia 5
de novembro, com um saldo de vários feridos graves. Cerca de 53 camponeses ficaram
feridos em conseqüência dos golpes de bastões e dos disparos de balas de borracha
por parte das forças de polícia quando tentavam entrar em um edifício público para
pedir a demissão do responsável do governo pela defesa das causas civis.
Os
bispos recordaram na sua nota que “a violência gera sempre mais violência”. Por isso
pediram que fosse utilizado “o diálogo e as negociações como estrada que pode levar
a resolver os conflitos”. “É legítimo reclamar junto às autoridades – recordam eles
– mas para isso se deve recorrer aos mecanismos institucionais previstos pela Lei.
É também legítimo manifestar-se e exprimir-se através de protestos. Todavia é necessário
fazê-lo no âmbito do respeito pelos direitos dos outros e de maneira pacífica”.
Diante
de tal situação, os bispos do país lançaram um apelo “à prudência e à sabedoria nestes
momentos difíceis em que vive o país”. Às autoridades pedem “respeito dos direitos
humanos e a devida atenção aos programas dos setores sociais”. Solicitam aos setores
sociais “seguirem os mecanismos institucionais e legais para obter um resultado aos
seus legítimos pedidos”. (SP)