CARDEAL BERTONE ESCLARECE AUTORIDADE DE PAPA PIO XII
Cidade do Vaticano, 07 nov (RV) - O cardeal secretário de Estado, Tarcisio
Bertone, fez ontem uma palestra na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, no
contexto de um congresso por ocasião dos 50 anos da morte do Servo de Deus Pio XII.
Em seu pronunciamento, dom Tarcisio Bertone reafirmou que a imagem de um papa
‘submisso’ ao Ocidente, divulgada pelos regimes comunistas na época da Guerra Fria,
não tem fundamento histórico. O cardeal reiterou que a lenda propagada sobre Pio XII
nada mais foi do que propaganda soviética; e pediu que se pare de associar o pontífice
a Adolf Hitler, considerando esta imagem ultrajante e insustentável do ponto de vista
histórico.
Existe certa controvérsia em relação ao papel desempenhado por
Pio XII na época da II Guerra. Alguns o acusam de ter sido indiferente diante da sorte
das vítimas do nazismo, dos poloneses, e principalmente, dos judeus. “A imagem de
um pontífice submetido aos norte-americanos e ‘capelão do Ocidente’, difundida e sustentada
pelos soviéticos e por seus partidários nas democracias européias durante a Guerra
Fria é ultrajante” - acrescentou.
A Igreja afirma que Pio XII trabalhou nos
bastidores para ajudar os judeus, temendo que sua intervenção direta agravasse a situação,
gerando uma retaliação da parte de Hitler. Abrindo igrejas e conventos em toda a Itália
para esconder judeus e determinando que os diplomatas do Vaticano na Europa concedessem
passaportes falsos a judeus, Pio XII teria salvo centenas de milhares de judeus.
Ainda
ontem, à margem do último dia de atividade do I Fórum Católico-islâmico, o cardeal
secretário de Estado declarou aos jornalistas que o processo de beatificação do papa
Pio XII é um fato religioso que exige respeito de todos, e que é de exclusiva competência
da Santa Sé.
Foi a primeira vez que o cardeal Bertone respondeu diretamente
às críticas de alguns expoentes do judaísmo à intenção de canonizar o pontífice. O
secretário de Estado pediu também que finalmente terminem as polêmicas instrumentais,
cada vez menos compreensíveis e menos condizentes com a história. (CM)