2008-11-05 12:00:22

CARDEAL TAURAN: IGREJA NÃO É OCIDENTAL


Cidade do Vaticano, 05 nov (RV) - Está em andamento no Vaticano o Fórum católico-muçulmano sobre o tema "Amor a Deus, amor ao próximo".

A decisão de constituir este Fórum foi tomada em março deste ano, em resposta à carta enviada em outubro de 2007 por 138 sábios muçulmanos ao papa. A carta, assinada pelo presidente do Instituto Aal al-Bayt para o Pensamento Islâmico, príncipe Ghazi bin Muhammad Bin Talal, afirmava que o futuro do mundo depende da paz entre muçulmanos e católicos.

Em resposta a esta iniciativa, considerada 'encorajadora', Bento XVI demandou a instauração de um diálogo baseado no respeito da dignidade da pessoa, no conhecimento objetivo da religião do próximo e no compromisso comum, para promover o respeito e a aceitação mútuos.

Em março deste ano, uma delegação católica liderada pelo presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, cardeal Jean Louis Tauran, recebeu uma comitiva muçulmana presidida por Abdel Hakim Murad, da Universidade Muçulmana Academic Trust, da Grã-Bretanha, e naquele encontro, ficou decidida a realização deste Fórum.

Ontem, no primeiro dia do encontro, o líder da delegação vaticana, cardeal Jean Louis Tauran, concedeu uma entrevista afirmando que “a tensão nas relações entre católicos e islâmicos deve-se ao fato que no mundo muçulmano, o cristianismo é associado ao Ocidente”.

Associar o cristianismo ao Ocidente representa, segundo ele, uma ‘mistura perigosa’, porque quando os líderes ocidentais tomam decisões políticas que os muçulmanos consideram contrárias a seus interesses, eles dizem “os cristãos atacam, os cristãos nos provocam”. E isto cria tensão nas relações. Esta situação agrava as dificuldades dos cristãos, que são minoria nos países islâmicos.

A Santa Sé tem o dever – destaca o cardeal francês – de defender os direitos fundamentais, quando são ameaçados ou negados. Recordamos a nossos interlocutores os direitos fundamentais da pessoa humana: o direito à vida, à liberdade de consciência e de religião e todos os direitos relacionados.

Para dom Jean Louis Tauran, “ao lado do caminho diplomático, que representa ‘um canal privilegiado’, o diálogo inter-religioso permite recordar os direitos e as aspirações legitimas de nossos irmãos na fé quando se tornam alvo de perseguições e violências. "Todavia - disse dom Tauran - não temos outra escolha senão caminhar juntos, sob o olhar de Deus. Estamos todos a caminho rumo à verdade. Quando nos encontramos em situações difíceis, não devemos ter medo de dizer o que acreditamos. Não devemos temer denunciar as violações de direitos humanos, quaisquer que sejam, a fim de que prevaleça a verdade, e não a força. A força do direito é predominante sobre o direito da força”.

Entretanto, Yahya Pallavicini, vice-presidente da COREIS, a Comunidade religiosa islâmica italiana, explicou seus objetivos ao participar deste encontro:

“Encontrar inspiração para soluções concretas, que possam salvaguardar a dignidade desta fé e a dignidade dos fiéis cristãos e muçulmanos, em todos os âmbitos da vida e da sociedade contemporânea, seja na escola, nas atividades públicas, na educação, na família e na vida pessoal; no trabalho, no desenvolvimento da pessoa e na realização de todas as suas qualidades e faculdades, intelectuais e pessoais. E ainda, encontrar uma fraternidade mais consciente e mais eficaz, que saiba responder aos desafios do mundo atual e aos riscos que o pós-moderno e a secularização tentam provocar”.

Mas sobre o diálogo inter-religioso, ouça o conselheiro-geral do PIME em Roma, Pe. Toninho Nunes. Ele é natural de Assis (SP) e por 19 anos trabalhou na Costa do Marfim. Pe. Toninho começa falando das afinidades entre católicos e muçulmanos:

RealAudioMP3

(BF/CM)









All the contents on this site are copyrighted ©.