Cimeira em Nairobi, para discutir uma solução para a crise no Leste da República Democrática
do Congo
(3/11/2008) A União Africana (UA) anunciou a realização de uma cimeira, esta semana,
para discutir uma solução para a crise no Leste da República Democrática do Congo
(RDC), palco na última semana de violentos confrontos que terão obrigado mais de um
milhão de pessoas a abandonar as suas casas.
Segundo o Governo da Tanzânia,
país que preside actualmente à UA, o encontro terá lugar em Nairobi, capital do Quénia,
e deverá contar com a presença tanto do Presidente congolês, Joseph Kabila, como o
seu homólogo ruandês, Paul Kagame, a quem Kinshasa acusa de apoiar os rebeldes tutsis
liderados pelo ex-general Laurent Nkunda.
A reunião será organizada pela UA,
sob a égide das Nações Unidas, e deverá contar com outros chefes de Estado da região
dos Grandes Lagos e representantes de outras organizações regionais.
“Esperamos
que a cimeira de Nairobi permita encontrar um roteiro” para o fim da crise, declarou
o chefe da diplomacia tanzaniana, Bernard Membe, no final de um encontro com os seus
homólogos francês e britânico.
Bernard Kouchner e David Miliband terminaram
este domingo em Dar-es-Salam uma ronda para mobilizar os líderes regionais a empenharem-se
no regresso da calma à RDC, país que entre 1998 e 2003 foi abalado por um conflito
que esteve na origem de uma crise humanitária, que terá sido responsável pela morte
de mais de cinco milhões de pessoas. Em 36 horas, os dois responsáveis europeus visitaram
Kinshasa, para um encontro com o Presidente Kabila, antes de uma deslocação a Goma,
capital da província do Kivu-Norte, palco dos confrontos dos últimos dias, tendo feito
depois uma paragem na capital ruandesa.
Sublinhando que a comunidade internacional
não pode desperdiçar os esforços despendidos nos últimos anos para pacificar uma das
maiores nações africanas, os dois responsáveis sublinharam, num comunicado emitido
no final de um encontro com as autoridades tanzanianas, que é necessária uma “determinação
nova e enérgica” para evitar o alastramento da crise e insistiram que é “urgente”
reforçar a ajuda humanitária à região e enviar mais meios para que a missão de paz
das Nações Unidas (Monuc) cumpra os seus objectivos.
David Miliband estima
que a ofensiva dos rebeldes, que quinta-feira se encontravam às portas de Goma, terá
levado 1,6 milhões de pessoas a abandonar as suas casas ou os campos de refugiados
em que viviam. “Eles não têm acesso a alimentos, nem a água, nem a outros bens de
primeira necessidade”, explicou o chefe da diplomacia britânica, avisando que “existe
uma ameaça de epidemias de doenças transmissíveis e de malnutrição na zona”.
Os
dois responsáveis afirmam, contudo, que a ajuda humanitária que começa a ser reunida
não pode ser encaminhada para quem dela tem necessidade a menos “que seja garantida
a segurança nas estradas do Kivu-Norte” e lembram que “a maioria dos campos [de refugiados]
está isolada do resto do país pelos confrontos”.