PLENÁRIA DA PONTIFÍCIA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS: NENHUMA INCOMPATIBILIDADE ENTRE TEORIA
DA EVOLUÇÃO E CRIAÇÃO
Cidade do Vaticano, 1º nov (RV) - Prossegue, no Vaticano, a sessão plenária
da Pontifícia Academia das Ciências, este ano dedicada ao tema “Abordagens científicas
sobre a evolução do universo e da vida”. O encontro se concluirá na próxima terça-feira,
dia 4.
Ontem, sexta-feira, no discurso aos participantes, o Santo Padre ressaltou
que o cosmo não é um sistema caótico, mas ordenado, no qual o homem, também com a
ajuda das ciências, pode colher a presença do Criador.
Na tarde de ontem o
arcebispo de Viena, Cardeal Christoph Schönborn, ilustrou o pensamento de Bento XVI
sobre “Criação e evolução”.
O purpurado recordou que o tema da relação entre
Criação e evolução sempre esteve presente no pensamento do papa Ratzinger. Ele lembrou
que no verão europeu de 2006 o pontífice quis, em Castel Gandolfo, dedicar ao tema
o tradicional encontro com seus ex-alunos.
O Cardeal Schönborn citou amplamente
alguns discursos do então Cardeal Ratzinger, entre esses, citou o que pronunciou na
Sorbonne de Paris em 1999 e no Congresso realizado em Roma em 1985 sobre o tema “Fé
Cristã e Teoria da Evolução”.
O arcebispo de Viena ressaltou que nesses pronunciamentos
Bento XVI exorta os homens de ciência a alargarem o horizonte da razão. Por outro
lado, ressaltou o purpurado, o papa chama a atenção para um racionalismo que pretende
reduzir o homem à sua dimensão biológica.
Joseph Ratzinger mostra, portanto,
que não existe uma contraposição entre teoria da evolução e Criação, mas o conflito
se dá, sobretudo, entre duas concepções diferentes do homem e da sua racionalidade.
Nesse
contexto, o purpurado recordou que em julho de 2007, falando aos sacerdotes de Lorenzago
di Cadore, no nordeste da Itália, Bento XVI reiterou que contrapor evolução e Criação
“é um absurdo”.
De um lado _ explicava o papa na ocasião _, “existem muitas
provas científicas em favor de uma evolução”; de outro, embora enriquecendo o nosso
conhecimento da vida, essa teoria não responde à grande questão filosófica: “De onde
vem tudo e como o tudo toma um caminho que leva finalmente ao homem?”.
Eis
então _ afirmava o papa _ qual é a questão mais profunda: “descobrir que existe uma
idéia que me precede”, e que não somos fruto do caos, mas “somos pensados”, “queridos”
e amados. A nossa missão, então, é “descobrir esse sentido, vivê-lo e dar assim um
novo elemento à grande harmonia cósmica pensada pelo Criador”. (RL)