2008-10-31 11:44:09

Santa Sé pede intervenção internacional no leste da Republica Democrática do Congo onde a situação é catastrófica


(31/10/2008) A União Europeia está a estudar o envio de uma força militar para o leste da República Democrática do Congo, onde o reacendimento da guerra civil provocou o que responsáveis de acção humanitária classificam de "catástrofe". A situação é caótica em todo o Kivu Norte e calcula-se que haja um quarto de milhão de pessoas em fuga dos combates entre forças do general Laurent Nkunda e o exército congolês.


Tropas das Nações Unidas intervieram em combates, para evitar a tomada de Goma pelos rebeldes, mas ontem à tarde, estava a ser respeitado um cessar-fogo precário. Apesar da paragem dos combates, os rebeldes estão a menos de 30 quilómetros de Goma e ameaçam tomar a cidade. Há notícias de dezenas de mortos na zona cercada, onde se concentraram milhares de refugiados. Dois hospitais da região foram saqueados e as tropas congolesas em fuga dedicam-se à pilhagem e assassinato. As organizações internacionais falam em emergência humanitária.
- Sobre a violência no leste da República Democrática do Congo, interveio o presidente do Pontifício Conselho Pontifício Justiça e Paz, Card. Renato Martino.


Em nota divulgada nesta quinta-feira, afirma que o mundo não pode continuar a olhar, sem reagir, a morte de inocentes, vítimas de actos de violência e de barbárie, nem desinteressar da situação de milhares de refugiados que fogem da guerra e estão expostos às intempéries, às doenças e à fome.
O Conselho Pontifício dirige-se às partes em conflito, para que renunciem à lógica da confrontação e das armas e escolham o diálogo e as negociações e que, num ímpeto de humanidade, coloquem o bem comum acima dos interesses egoístas e de grupo.


O Card. Martino dirige-se também à comunidade internacional, para que intervenha na resolução do conflito, em especial para que os rebeldes respeitem os acordos de paz assinados. Por fim, o Pontifício Conselho destaca a importância de uma solução da crise que leve em consideração as preocupações pela paz e a segurança de todos os países e habitantes da região dos Grandes Lagos, porque não há paz se a mesma não for global, fundada no diálogo e na reconciliação, condições indispensáveis para a estabilidade e o desenvolvimento solidário.


Nesta quinta-feira, a Caritas Internacional renovou o seu apelo em prol da paz no leste da República Democrática do Congo e pelo fim do sofrimento da população. A Caritas pede ainda que se possa retomar o trabalho de ajuda às vítimas.
A ONU mantém no Congo a maior missão de paz no mundo, com 16 mil soldados, incluindo da Índia, Paquistão, Nepal ou Uruguai. Um quarto do dispositivo militar está em Goma.
O general Nkunda comanda uma facção, Congresso Nacional de Defesa do Povo (CNDP), que afirma proteger os tutsis da região. Esta rebelião faz parte do complexo conflito que se mantém há mais de uma década no leste do Congo e relacionado com o genocídio ruandês de 1994. A guerra civil do Congo já fez mais de 5 milhões de vítimas e Nkunda acusa o exército congolês de apoiar as milícias armadas dos hutus.








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