2008-10-31 18:45:05

BENTO XVI: O COSMO NÃO É UM CAOS, MAS UMA ORDEM ESTABELECIDA PELO CRIADOR


Cidade do Vaticano, 31 out (RV) – O cosmo não é um sistema caótico, mas sim ordenado, e é possível "ler" nas suas regras internas, a presença de um Criador, graças também à contribuição e ao contínuo desenvolvimento das ciências. Assim podemos sintetizar o fio condutor do discurso que Bento XVI dirigiu, na manhã desta sexta-feira, aos participantes da assembléia plenária da Pontifícia Academia das Ciências, que teve início esta manhã, no Vaticano, e se prolonga até terça-feira, dia 4 de novembro, para debater sobre as últimas contribuições da pesquisa científica, sobre as origens e a evolução do universo, da matéria e da vida.

Afirmar que a criação do cosmo e seu desenvolvimento sejam fruto da "providencial sabedoria" de um Criador não significa dizer que a criação remonta apenas ao início da história do mundo e da vida. Ela implica também o fato que o Criador "dá origem a esses desenvolvimentos" e os "ampara continuamente". Esse foi um dos pontos altos do discurso do papa aos cientistas reunidos no Vaticano.

"Abordagens científicas sobre a evolução do universo e da vida" _ tema da plenária da Pontifícia Academia das Ciências _ é uma questão de grande interesse _ observou o pontífice _ "uma vez que, muitos de nossos contemporâneos refletem hoje, sobre a origem última dos seres vivos, sobre a sua causa inicial e sobre o seu fim último, e ainda sobre o significado da história humana e do universo".

"Nesse contento _ prosseguiu Bento XVI _ surgem, naturalmente, questões relativas à relação entre a leitura científica do mundo e a leitura oferecida pela Revelação cristã. Meus predecessores, Pio XII e João Paulo II _ sublinhou o papa _ observaram que não existe nenhuma oposição entre a compreensão da criação ditada pela fé e as provas oferecidas pelas ciências empíricas."

Se "na sua fase inicial" _ disse o pontífice _ a filosofia propôs uma idéia "horizontal" da origem do cosmo, baseada em um ou mais elementos do mundo material, a sucessiva compreensão metafísica do ser enquanto tal, levou o homem a intuir que o mundo, como "criado" vem do "Ser" criador.

Na ótica da fé, portanto, ler a evolução _ longe de ser considerada um "caos" _ é como "ler um livro", segundo uma antiga comparação, adotada por muitos cientistas, entre os quais Galileu Galilei. Um livro _ ressaltou Bento XVI _ "cuja história, cuja evolução, cujo "ser escrito" e cujo significado nós lemos com base nas diversas abordagens das ciências".

"Apesar dos elementos irracionais, caóticos e destrutivos que encontramos no longo processo de modificação do cosmo, a matéria _ como tal _ é "legível". É uma construção interna "matemática". A mente humana pode, portanto _ advertiu o papa _ empenhar-se não apenas numa "cosmografia", estudando os fenômenos mensuráveis, mas também numa "cosmologia", discernindo a lógica interna visível do cosmo."

"Poderemos não ser capazes, inicialmente _ observou o Santo Padre _ de perceber seja a harmonia no seu conjunto seja nas relações das partes singularmente consideradas, ou sua relação com o todo. E no entanto, as relações que o homem, no curso dos séculos, soube perceber e descrever, demonstram _ sublinhou o papa _ que a pesquisa experimental e filosófica sabe descobrir "gradualmente esta ordem, e a percebe enquanto trabalha para defender-se dos desequilíbrios e para superar obstáculos".

O papa concluiu seu pronunciamento com palavras de João Paulo II, proferidas em 2003: "A verdade científica que é, por si só, uma participação na verdade divina, pode ajudar a filosofia e a teologia a compreender de maneira ainda mais plena, a pessoa humana e a Revelação de Deus sobre o homem, uma revelação que foi completada e aperfeiçoada em Jesus Cristo." (AF)







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