VERDADEIRA LIBERDADE DO HOMEM NORTEIA DISCURSO DO PAPA À NOVA EMBAIXADORA DO CANADÁ
JUNTO À SANTA SÉ
Cidade do Vaticano, 30 out (RV) - O exercício da liberdade não é um valor absoluto,
mas deve estar ligado às suas origens divinas e à lei moral natural: caso contrário,
conduz a um enfraquecimento do conceito de ser humano. Foi o que disse o Santo Padre
no discurso à nova embaixadora do Canadá junto à Santa Sé, Anne Leahy, recebida esta
manhã, no Vaticano, para a apresentação de suas credenciais.
Em seu discurso
à referida diplomata, o papa ressaltou que o catolicismo representou um marco essencial
para a construção da sociedade canadense. O pontífice recordou que daqui a alguns
meses serão celebrados os 40 anos de relações diplomáticas entre a Santa Sé e o Canadá,
mas que na realidade os laços profundos têm vários séculos.
O Santo Padre citou
as palavras de João Paulo II, que fez três visitas apostólicas ao Canadá; a última
por ocasião do Dia Mundial da Juventude, em 2002. Os canadenses _ dissera o papa polonês
_ são os herdeiros de um humanismo extraordinariamente rico, graças à associação de
muitos elementos culturais diversos.
Bento XVI ressaltou que o ponto focal
de tudo isso está na concepção espiritual e transcendente da vida, fundada na revelação
cristã.
Daí nasce uma tradição de compromissos internacionais _ explicou o
papa: a disposição às colaborações multilaterais para a resolução de problemas internacionais,
em nome da paz e da reconciliação; com exemplos concretos como o compromisso pela
Convenção pelo banimento das minas anti-homem, que teve sucesso particular; e a contribuição
para a estabilização da situação na região dos Grandes Lagos, na África.
Congratulando-se
por tudo isso, o pontífice expressou sua preocupação pelos sinais de algumas mudanças
em andamento também no Canadá, no sentido do enfraquecimento do conceito de ser humano.
Nesse
ponto de seu discurso à embaixadora do Canadá junto à Santa Sé, Bento XVI falou claramente
de “defesa e promoção da vida e da família fundada no matrimônio”, convidando os canadenses
a refletirem sobre tudo isso partindo do conceito de liberdade.
O exercício
da liberdade _ disse _ é muitas vezes invocado para justificar distorções. É concebido
“somente como valor absoluto, como um direito inalienável do indivíduo, ignorando
_ acrescenta o pontífice _ as origens divinas da liberdade e da sua dimensão comunitária”. -“O
exercício da liberdade implica a referência a uma lei moral natural, de caráter universal,
que preceda e una todos os direitos e os deveres” _ esclareceu o papa.
Em particular,
o pontífice falou sobre o direito dos genitores de assegurar o ensino religioso aos
próprios filhos, e sobre o valor das escolas católicas.
Bento XVI mencionou
também o que definiu como sinais de esperança, recordando, sobretudo, o bom êxito
do 49º Congresso Eucarístico Internacional, que se realizou de 15 a 22 de junho passado
no Canadá.
O pontífice manifestou satisfação pela disposição tradicional do
povo canadense ao acolhimento, encorajando todos a exercitá-la em particular para
com as pessoas frágeis.
Bento XVI disse alegrar-se ao ver revitalizados os
laços de entendimentos entre a Igreja católica e as comunidades aborígines do Canadá.
A
propósito do tradicional compromisso internacional do Canadá, o papa recordou o objetivo
de “um mundo mais justo e solidário no qual a pessoa humana seja respeitada em sua
vocação fundamental”. (RL)