PAPA A DELEGAÇÃO JUDAICA: CRISTÃOS E JUDEUS PARTILHAM MESMO TESTEMUNHO DO AMOR DE
DEUS
Cidade do Vaticano, 30 out (RV) – Cristãos e judeus devem dar um testemunho
comum do amor de Deus, num mundo freqüentemente marcado pela pobreza, pela violência
e pela exploração: foi o que afirmou Bento XVI, encontrando-se, na manhã desta quinta-feira,
com uma delegação da organização judaica "International Jewish Committee on Interreligious
Consultations" (Comitê Judaico Internacional de Consultas Inter-religiosas), guiada
pelo Rabino David Rosen.
O papa sublinhou a crescente compreensão entre católicos
e judeus, reiterando o "empenho da Igreja em favor da atuação dos princípios enunciados
na declaração Nostra Aetate, do Concílio Vaticano II", que "condena firmemente todas
as formas de anti-semitismo".
"Os cristãos _ disse Bento XVI _ hoje estão sempre
mais conscientes do patrimônio espiritual que compartilham com o povo da Torá, o povo
escolhido por Deus, na sua inefável misericórdia, um patrimônio que convida a um maior
apreço recíproco, ao respeito e ao amor."
Por outro lado _ precisou o Santo
Padre _ "também os judeus são chamados a descobrir o que têm em comum" como todos
aqueles que crêem no Senhor, "Deus de Israel", que se revelou através da sua Palavra
que, como diz o Salmista, é luz do nosso caminho e nos doa uma nova vida.
"Essa
Palavra _ refletiu o pontífice _ nos exorta a dar testemunho da misericórdia, da verdade
e do amor de Deus." Trata-se de "um serviço vital do nosso tempo, ameaçado pela perda
daqueles valores espirituais e morais que garantem a dignidade humana, a solidariedade,
a justiça e a paz".
"No nosso mundo inquieto, tão freqüentemente marcado pela
pobreza, pela violência e pela exploração _ acrescentou o Santo Padre _ o diálogo
entre as culturas e as religiões deve ser visto, sempre mais, como um dever sagrado
que grava sobre todos aqueles que estão empenhados na construção de um mundo digno
do homem."
"A capacidade de aceitar-se e de respeitar-se mutuamente, e de dizer
a verdade na caridade, é essencial para superar as diferenças, para prevenir as incompreensões
e evitar conflitos inúteis" _ disse Bento XVI.
O pontífice recordou os encontros
mantidos, nos últimos meses, com comunidades judaicas, em New York, em Paris e no
Vaticano, referindo-se a eles como encontros que refletem "os progressos das relações
católico-judaicas".
Enfim, encorajou o Comitê Judaico Internacional de Consultas
Inter-religiosas a prosseguir no seu "importante trabalho, com paciência e empenho
renovado", até mesmo em vista do encontro, no próximo mês, em Budapeste, Hungria,
com uma delegação da Comissão vaticana para as Relações Religiosas com o Judaísmo,
com o objetivo de discutir sobre o tema "Religiões e sociedade civil hoje".
Por
sua vez, na saudação que dirigiu ao pontífice, o Rabino David Rosen, presidente do
comitê, agradeceu à Santa Sé por seu empenho contra toda e qualquer forma de anti-semitismo.
A seguir, manifestou sua satisfação pelos esclarecimentos relativos à modificação
da oração pelos judeus, na liturgia da sexta-feira santa.
O rabino reiterou
sua solicitação para que os estudiosos possam ter acesso _ nos arquivos vaticanos
_ aos documentos relativos ao período nazi-fascista. E enfim, manifestou sua solidariedade
aos cristãos da Índia, Iraque e sudeste asiático, pelas violências que têm sofrido
nos últimos meses. (AF)