SANTA SÉ: "MIGRANTES SÃO UM DOM PARA AS SOCIEDADES"
Manila, 29 out (RV) - Nesta quarta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
vai inaugurar o II Fórum Global sobre Migração e Desenvolvimento em Manila, capital
das Filipinas.
Representando a Santa Sé, participa o secretário do Pontifício
Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Agostino Marchetto.
Em
sua intervenção, Dom Marchetto recordou que todos os migrantes, prescindindo de seu
status, têm o direito de desfrutar dos direitos humanos e lhes deve ser dirigida uma
atenção especial para evitar discriminações e proteger os mais vulneráveis, como as
mulheres, os menores não acompanhados, os anciãos e os portadores de deficiências.
Dom Marchetto aproveitou a ocasião para repetir que toda forma de migração
temporária e circular nunca deve ser usada como pretexto para evitar o pleno respeito
dos direitos dos migrantes e, de maneira específica, de seu direito à reunificação
familiar e ao reconhecimento de sua contribuição ao desenvolvimento, seja por meio
do trabalho, seja por meio das remessas de dinheiro.
E acrescentou: "Qualquer
falência neste âmbito indicaria uma falta de políticas de integração e cooperação
nos países de acolhimento, como também de políticas de desenvolvimento nacional nos
países de origem". Por isso, precisou o prelado, "os governos deveriam continuar a
criar as condições para que a migração nunca seja a única opção que resta às pessoas
para que encontrem trabalho e conduzam uma vida segura e digna".
Para Dom Marchetto,
encontros internacionais como o de Manila são marcados pela palavra "desenvolvimento",
mas, por detrás dela, se esconde a pobreza. "Discriminação, violência, restrições
da liberdade pessoal e coletiva são todas realidades comuns tanto da migração, quanto
da pobreza. As duas caminham juntas", recordou.
Para não acentuar ainda mais
essa situação, afirmou o prelado, os governos devem evitar políticas migratórias que
minam os fundamentos da sociedade, especialmente a família. As famílias devem ser
preservadas da desintegração, cujas vítimas principais são as crianças, que muitas
vezes crescem sem os pais. "A reunificação familiar nos países de acolhimento, portanto,
é o melhor modo para promover a integração dos imigrantes e eliminar muitos problemas,
em especial os relacionados à segurança e à ordem pública."
Dom Marchetto
então concluiu: "Os migrantes não representam somente um problema, mas também um dom
para as sociedades. Eles nos ajudam no nosso trabalho, nos obrigam a abrir a nossa
mente, as nossas economias e as nossas políticas e nos estimulam a buscar novos modelos.
Somente assim poderemos vencer este desafio e abrir o nosso mundo ao futuro, do qual
todos queremos desfrutar". (BF)