Pobres cada vez mais pobres: um alerta da ONU e do Conselho pontifício Justiça e Paz
(25/10/2008) A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um apelo em favor dos países
mais desfavorecidos e das suas populações, face à recente crise financeira global.
Numa declaração conjunta do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, dos
chefes das agências da ONU e de diversas entidades, incluindo o Banco Mundial e o
Fundo Monetário Internacional (FMI), é afirmado que se nenhuma acção concertada for
tomada, os recentes progressos no combate à pobreza, “duramente conquistados”, podem
ser perdidos. “A crise que estamos a viver hoje terá um impacto em todos os países,
desenvolvidos e em desenvolvimento, mas as suas mais graves repercussões farão sentir-se
mais naqueles que são menos responsáveis – os pobres nos países em desenvolvimento”,
pode ler-se. A ONU considera ser necessário que todos os países sem excepção tomem
medidas para garantir que os mais vulneráveis não sejam deixados para trás. Na
declaração conjunta sublinha-se que “é precisa uma acção imediata para proteger pessoas,
empregos, casas”, face à gravidade da crise financeira que, ainda assim, não deve
desviar a atenção dos líderes e responsáveis políticos de outros desafios, como “a
mudança climática e as metas antipobreza conhecidas como Objectivos de Desenvolvimento
do Milénio”. No próximo dia 15 de Novembro, líderes mundiais irão reunir-se em
Washington para uma cimeira que visa responder à actual crise. A ONU espera uma “reforma
significativa, abrangente e bem coordenada” do sistema financeiro internacional. Já
esta semana, o Vaticano veio a público pedir que a comunidade internacional respeite
os seus compromissos em matéria de ajuda ao desenvolvimento, apesar da actual crise
financeira. O apelo foi lançado Quinta-feira, durante um seminário de estudo
convocado pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), tendo em vista a Conferência
das Nações Unidas em Doha, Qatar, sobre o financiamento ao desenvolvimento, que decorrerá
de 29 de Novembro a 2 de Dezembro. O presidente do CPJP, Cardeal Renato Martino,
lembrou que muitas famílias no mundo se limitam a sobreviver e não têm oportunidade
de ser protagonistas do próprio desenvolvimento. "Demasiadas pessoas são obrigadas
a emigrar, demasiadas pessoas continuam a ser oprimidas pela pobreza absoluta e a
viver em países onde a dívida lhes impossibilita o acesso aos serviços básicos. Nesta
perspectiva, o financiamento ao desenvolvimento deve compreender todos os aspectos
da vida, o indivíduo, a família, a comunidade e o mundo", indicou.