2008-10-24 12:43:06

Para D. José Policarpo, o desconhecimento do texto bíblico é uma “forma de iliteracia cultural”


(24/10/2008) “Desconhecer a Bíblia não é apenas uma carência do ponto de vista religioso, mas é também uma forma de iliteracia cultural, pois significa perder de vista uma parte decisiva do horizonte onde historicamente nos inscrevemos”, afirmou o Cardeal Patriarca. Numa conferência intitulada "Literatura e o drama da Palavra”, proferida terça-feira passada no âmbito da exposição Weltliteratur, promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian, o Patriarca de Lisboa recordou que “a Bíblia não é um livro, é uma biblioteca, comporta dezenas de livros e de autores distintos, de diversas épocas e em variados estilos literários, que vão da narrativa histórica ou simbólica, ao género epistolar e à poesia”.
D. José Policarpo observou que “a palavra da Bíblia pretende dizer-nos Deus e o que Deus tem para nos dizer, o que desencadeia no leitor a busca do acolhimento de Deus e descoberta da própria vida, à luz do que Deus procura dizer-nos acerca de nós e do conjunto da história da humanidade”. O Cardeal-Patriarca confidenciou ter procurado “respostas na literatura, mais do que em modelos vivos de pessoas que conhecia”. “Mais tarde (prosseguiu), vim a perceber que estes dois caminhos de procura de respostas se entrecruzam inevitavelmente e se iluminam mutuamente”. D. José Policarpo considera que “os textos mais apaixonantes são aqueles em que o autor deixa um vasto espaço para o leitor”.

Falando numa “crise da palavra”, o Patriarca de Lisboa fez questão de – citamos - “implorar todos os que falam ou escrevem, na Igreja e fora dela, nos palcos da política, da cultura, da comunicação social, a que salvem a Palavra, não a matem sufocada pelas «vozes», pois só a Palavra maturada no silêncio será ouvida e desencadeará nos outros caminhos de vida”. D. José Policarpo lembrou que, na Igreja Católica, “a dimensão comunitária garante a objectividade da recepção da mensagem através das gerações. A comunidade crente que escuta a Palavra e que, escutando-a, se põe a caminho, é a mesma que, há muitas gerações, se congrega para escutar”.









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