ENCONTRO LATINO-AMERICANO DA PASTORAL DA RUA: A MOBILIDADE HUMANA É UM DOS GRANDES
"SINAIS DOS TEMPOS"
Bogotá, 22 out (RV) - A mobilidade humana é um dos grandes “sinais dos tempos”
aos quais a Igreja é chamada a responder para ajudar pessoas necessitadas e marginalizadas.
Foi o que disse o arcebispo Agostino Marchetto, Secretário do Pontifício Conselho
da Pastoral para os migrantes e os itinerantes, participando no primeiro Encontro
Continental Latino-americano de Pastoral de Rua-Estrada, que se concluirá na próxima
sexta-feira em Bogotá, na Colômbia.
Na realidade da América Latina – afirmou
Dom Marchetto – os dramas aos quais a Igreja dever responder são, sobretudo, o alto
número de incidentes rodoviários, os fenômenos da prostituição, das crianças de ruas
e dos sem-teto.
O arcebispo Agostino Marchetto falando durante os trabalhos,
ilustrou oportunidades, dramas e exigências pastorais ligadas à rua e às estradas.
A possibilidade de percorrer grandes distâncias em breve tempo, livremente e em relativa
segurança – afirmou – é uma revolução que nos últimos 50 anos mudou sensivelmente
a mobilidade humana. A circulação viária, promovendo o desenvolvimento e o encontro,
tornou-se uma exigência inelutável para o homem contemporâneo. Mas as estradas – acrescentou
– são também o espelho de novas pobrezas, como no caso das rotas de imigração, da
prostituição e da exploração sexual.
Na direção dessas misérias humanas se
orienta o caminho missionário da Igreja: a estrada – observou o prelado – é historicamente
uma das expressões da opção preferencial pelos marginalizados. Na Sagrada Escritura
é o símbolo da peregrinação humana em direção a Deus. Ao longo da estrada ocorreram
numerosos encontros de Jesus com necessitados e pessoas excluídas da sociedade. Também
hoje, continua a ser lugar de anúncio e de testemunho.
Mas na América Latina
este anúncio – explicou Dom Marchetto – choca-se com diversos dramas, entre os quais
do mais alto índice de mortos em acidentes rodoviários. À trágica perda de vidas humanas
soma-se também a altíssimos custos, sobretudo para as famílias. Estima-se que atinjam
cerca de 2% do produto interno bruto dos Estados latino-americanos. É um dado inaceitável
– disse o secretário do organismo vaticano – para qualquer país pobre ou em via de
desenvolvimento.
Outra preocupação pastoral é o fenômeno da prostituição, alimentado
também pela globalização e pelos crescentes fluxos migratórios. Na América Latina,
em particular, o turismo sexual está ligado à exploração de mulheres obrigadas a prostituírem-se.
Para responder a esse execrável tráfico – explicou o prelado – é necessária a colaboração
entre os organismos públicos e privados e também entre comunidades cristãs e autoridades
locais. Outras prioridades indicadas por Dom Marchetto são: a cooperação dos meios
de informação para garantir uma comunicação correta, e a adoção de leis a favor das
vítimas deste comércio.
Dom Marchetto recordou ainda as difíceis condições
de vida das crianças de rua, que na América Latina são mais de 50 milhões. São vítimas
de uma estreita correlação entre fatores econômicos e políticos e em muitos países
– observou – são percebidas como uma ameaça para a sociedade civil. No centro de qualquer
resposta – acrescentou – devem estar políticas que combatam os problemas pela raiz,
envolvendo também as famílias.
Outra manifestação das novas pobrezas – disse
o arcebispo – refere-se aos sem-teto: em muitos casos são pessoas obrigadas a viver
nas ruas por falta de casa, estrangeiros imigrados que não têm uma casa onde viver,
anciãos sem domicilio e jovens que escolheram a vida de vagabundo.
A falta
de uma habitação – explicou – é o desabamento de um mundo, das relações pessoais e
da dignidade. A igreja é portanto chamada a dar respostas a todas essas necessidades
para promover um autêntico desenvolvimento na América Latina, onde existe uma má distribuição
da riqueza que alimenta instabilidade, conflitos e pobreza. A Pastoral da rua-estrada
– concluiu – permite a Cristo caminhar entre essas misérias e entre aqueles que são
esquecidos pela sociedade.
Participam no encontro continental latino-americano
de pastoral da rua-estrada, que tem como tema “Jesus em pessoa se aproximou e caminhou
com eles”, 50 pessoas provenientes de 13 países, entre os quais bispos, sacerdotes,
religiosos, membros de associações e voluntários. (SP)